Estou profundamente convencido de que apenas atacam o Sistema S aqueles que não o conhecem e, portanto, ignoram o extraordinário benefício que proporciona para milhões de famílias de trabalhadores rurais e urbanos.
Logo após a segunda Grande Guerra, a Alemanha criou o sistema de Câmaras de Ofícios e Artes destinadas a formar mão de obra especializada para a indústria, reconhecidamente a melhor do mundo, e outros setores da economia germânica. O Brasil fez algo semelhante com o Sistema S, inicialmente também para a indústria (com a criação do Senai e Sesi) e depois para outras áreas da atividade econômica (com o surgimento do Senac, Sebrae, Senar etc.). Os dois sistemas perseguem os mesmos objetivos.
O incontestável mérito do Sistema S é proporcionar qualificação de alto nível para trabalhadores, elevando sua qualidade de vida e de sua família, aumentando renda e empregabilidade ao mesmo tempo em que contribui para a evolução do setor onde atua – indústria, comércio, serviços ou agricultura.
É primordial destacar que essa imensa legião de trabalhadores – sem acesso às universidades ou outros centros de capacitação – não teria oportunidade de qualificação e elevação social sem o Sistema S, que por sinal, é rigorosa e reiteradamente auditado pela CGU.
Coloco em tela o paradigmático exemplo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), possivelmente o mais modesto de todos sob o ponto de vista orçamentário. Em Santa Catarina, o Senar investe mais de 90% de seus recursos na atividade-fim, na clientela-alvo (trabalhadores e produtores rurais) atendida, assistida e transformada em agente de seu próprio destino graças a uma estrutura enxuta e ágil e inexistência de portentosas sedes físicas. Esses indicadores de eficiência estão fundamentados em uma pequena equipe administrativa e um grande e preparado corpo de instrutores que atuam no campo.
São mais de 120 mil produtores e trabalhadores rurais atendidos por ano de forma absolutamente gratuita em praticamente todos os municípios do território barriga-verde. A maior parcela do esforço instrucional está direcionada para a formação profissional rural nas áreas de agricultura, pecuária, silvicultura, aquicultura, agroindústria, atividades de apoio agro-silvo-pastoril e prestação de serviços. Esse tipo de formação objetiva a inserção de trabalhadores rurais acima de 16 anos no mercado de trabalho. As ocupações mais trabalhadas foram as de bovinocultura de leite, aplicação de agrotóxicos, inclusão digital, emissão de notas fiscais e administração rural.
Recentemente, o Senar protagonizou dois importantes avanços. Implantou o Programa de Assistência Técnica e Gerencial (AteG) para melhorar a produção e a produtividade e aumentar a rentabilidade de algumas importantes cadeias produtivas, priorizando pequenos e médios produtores rurais. O modelo idealizado – totalmente gratuito e de altíssimo nível – preconiza um atendimento em gestão das propriedades rurais e sua atualização tecnológica. Da mesma forma, criou o curso Técnico em Agronegócio para formar profissionais habilitados na aplicação dos procedimentos de gestão e de comercialização do agronegócio, visando os diferentes segmentos e cadeias produtivas da agropecuária brasileira.
As atividades de promoção social, por outro lado, incluem seis linhas de ação: alimentação & nutrição, artesanato, organização comunitária, saúde preventiva do homem e da mulher rural, cultura/esporte/lazer e educação. A promoção social busca desenvolver aptidões sociais e pessoais do trabalhador rural e sua família, numa perspectiva de maior qualidade de vida, consciência crítica e participação na comunidade. A terceira linha de atuação compreende eventos técnicos, científicos e de atualização e integração.
Esses resultados são possíveis em razão da metodologia do Senar: o produtor rural não precisa sair do campo para receber capacitação, são os instrutores e técnicos vão até o produtor. Lavouras, estábulos, aviários, criatórios de suínos e galpões se transformam em salas de aula. Onde um ator do universo rural buscar o conhecimento, ali estará o Senar.
José Zeferino Pedrozo
Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Conselho de Administração do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)
Fonte: Assessoria de Imprensa