Encontro de Turismo da Agricultura Familiar (Etraf) despertou o desejo das agricultoras
Bom Dia SC – A vida do trabalhador rural é dura, mas tem os seus encantos. Estar em contato com a natureza, tirar da terra o sustento, ouvir o canto dos pássaros e admirar um céu estrelado é um sonho acalentado por qualquer morador da cidade. Para aproveitar esse nicho de mercado e aumentar a renda do produtor, a Epagri oferece uma série de incentivos para capacitar agricultores a transformarem suas propriedades em atrações turísticas, oferecendo hospedagem, gastronomia e atividades que encantam os visitantes.
Uma dessas iniciativas é o Encontro de Turismo da Agricultura Familiar (Etraf), onde produtoras rurais que acreditaram na proposta inspiram outras a seguir o exemplo. O 3° Etraf aconteceu em 29 de maio no Cetrag, em Agrolândia, e reuniu 110 agricultoras do Alto Vale do Itajaí. Foram apresentadas três histórias de sucesso: o Sítio AgroBoing (Vitor Meirelles), a Schuatz Produtos Coloniais (Ituporanga) e o Sítio Filippi (Ibirama).

“O limite de inscrições era 100, mas o interesse em fazer parte da rota Caminhos do Campo, que é forte aqui na região e tem um bom retorno financeiro, despertou o desejo das agricultoras, já que geralmente é a mulher que incentiva a família a inovar na propriedade”, afirma a extensionista social da Epagri, Katiucia Visenteiner.
Relatos inspiram produtoras a investir em turismo
Uma das palestrantes foi Fernanda Vanzuita, 43 anos, de Ibirama, que produz morango e maracujá, e no ano passado entrou para o seleto grupo de 59 destinos turísticos do roteiro Caminhos do Campo. Assim como o marido Aristeu, Fernanda sempre trabalhou na cidade, mas depois de ouvir relatos inspiradores em eventos da Epagri e da Amavi (Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí), e conhecer a assistência técnica e disponibilidade de crédito, criou coragem para fazer de sua propriedade um pequeno pedaço de paraíso para casais apaixonados. Assim nasceu o Chalé Rústico Encanto.
Capricho e clientela fiel
“Trabalhar em meio à natureza é maravilhoso, mas, também, desafiador, porque nem sempre o tempo colabora. Por isso pensei em diversificar, oferecendo uma hospedagem com tudo que a gente gosta, e os hóspedes se identificaram com a proposta”, conta Fernanda, que vive com a agenda lotada. “Até em dias de semana temos hóspedes, superou as expectativas”, comemora.
E não é pra menos. Fernanda caprichou no paisagismo e nos mimos: um kit personalizado para receber o casal de acordo com a ocasião (noivado, lua de mel, aniversário de namoro), disponibiliza bicicletas vintage para gostosos passeios, prepara a fogueira e oferece bons vinhos para noites românticas e disponibiliza velas aromáticas e sais para a banheira. Hospitalidade que fideliza a clientela, que faz questão de compartilhar nas redes sociais os dias de encanto desfrutados no Sítio Filippi.
O retorno financeiro está sendo tão bom que Fernanda deixou a empresa em que trabalhou por 25 anos e já pensa em aumentar o número de chalés. Para isso, ela recorre às políticas públicas de crédito e à assistência técnica prestada pela Epagri. “A Epagri foi essencial nesse processo. A Katiucia e a Fabiana (Amavi) vieram conhecer nossa propriedade e nos motivaram a visitar sítios em São Martinho, onde o turismo rural já é realidade consolidada. Os relatos dos produtores foram o que faltava para a gente criar coragem em transformar nosso sonho de viver do campo fazendo o que a gente gosta em realidade”.
Legalização do empreendimento
Katiucia lembra que, para adequar a propriedade para receber visitantes, há um caminho a ser percorrido, que pode ser de curto ou médio prazo, dependendo do perfil do produtor ou da produtora rural. “Para legalizar a propriedade e ter acesso às políticas públicas, alguns levam três meses, outros pode levar um ano, até porque cada produto tem uma legislação específica, como queijarias, panificação e café colonial”, explica.
Além disso, ao longo do ano são realizadas capacitações nos municípios para preparar os produtores para a nova atividade, além de cursos com profissionais de áreas como turismo, gastronomia e legislação. “A Etraf é um dia para reunir e motivar estas produtoras a darem o primeiro passo nessa jornada. No fim do evento, foi feita uma cápsula do tempo que só será aberta daqui a 10 anos, mostrando como foi recompensador dar o primeiro passo”, revela.
Por Renata Rosa, jornalista bolsista da Epagri/Fapesc
