21/06/2025
Adelcio Machado dos Santos
Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos fala nesta artigo sobre como o Turismo pode ser um aliado da saúde mental

Turismo – Instrumento de Saúde Mental

O turismo como instrumento de saúde mental começa com a quebra da rotina

Bom Dia SC – Vivemos em uma era marcada por aceleradas transformações tecnológicas, intensas exigências profissionais e desafios sociais cada vez mais complexos. Nesse contexto, os índices de transtornos relacionados à saúde mental, como depressão, ansiedade, estresse crônico e síndrome de burnout, vêm crescendo de forma alarmante em todo o mundo.

Entrementes, observamos o turismo não apenas como uma atividade econômica poderosa, mas também como uma alternativa concreta de promoção do bem-estar emocional e da saúde mental. Viajar, conhecer novos lugares, entrar em contato com diferentes culturas e romper com a rotina têm demonstrado efeitos altamente positivos no equilíbrio psíquico e na qualidade de vida dos indivíduos.

Destarte, a importância do turismo como instrumento de saúde mental começa com a quebra da rotina. A repetição exaustiva do cotidiano, muitas vezes marcada por jornadas de trabalho extensas, trânsito, compromissos familiares e pressões sociais, pode gerar uma sensação de aprisionamento e desmotivação. O simples ato de planejar uma viagem já ativa áreas do cérebro associadas à expectativa positiva, liberando dopamina e criando uma antecipação prazerosa que contribui para o alívio de tensões.

No curso de vilegiatura, esse efeito se intensifica. A mudança de ambiente, a exposição a novas paisagens e o afastamento temporário das responsabilidades são elementos que ajudam a reduzir o estresse e estimulam a mente a se abrir para novas experiências.

Diversos estudos acadêmicos e pesquisas de campo têm apontado para os benefícios psicológicos das viagens. A conexão com a natureza, por exemplo, tem sido amplamente reconhecida como fator terapêutico. O turismo ecológico, rural ou de aventura proporciona ao viajante a oportunidade de respirar ar puro, caminhar por trilhas, contemplar paisagens naturais e vivenciar momentos de silêncio e introspecção.

Tudo isso favorece a redução do cortisol, o hormônio do estresse, e promove uma sensação de paz interior. Além disso, o contato com a natureza favorece a prática do “mindfulness”, ou atenção plena, uma estratégia terapêutica cada vez mais utilizada em tratamentos psicológicos.

Outro aspecto fundamental do turismo enquanto ferramenta de cuidado da saúde mental é a promoção de conexões humanas. Viajar muitas vezes envolve interações com pessoas diferentes, seja em hospedagens compartilhadas, passeios guiados ou mesmo no contato com a população local. Esses encontros abrem espaço para o diálogo, a empatia e a construção de laços afetivos, mesmo que temporários. Para indivíduos que sofrem de solidão, isolamento ou timidez, essas vivências podem representar um importante estímulo emocional, resgatando o senso de pertencimento e de humanidade.

Adelcio Machado dos Santos
Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos fala nesta artigo sobre como o Turismo pode ser um aliado da saúde mental

Ademais disso, o turismo permite o exercício da autonomia e da liberdade. Escolher destinos, decidir roteiros, experimentar novas culinárias, enfrentar imprevistos em um ambiente diferente — tudo isso fortalece a autoestima e a autoconfiança. É comum que muitas pessoas, ao voltarem de uma viagem, sintam-se mais motivadas, revitalizadas e com uma nova perspectiva sobre seus próprios problemas. Essa transformação, embora temporária, pode desencadear processos de mudança mais duradouros, principalmente quando a viagem é encarada como uma oportunidade de crescimento pessoal e não apenas como fuga da realidade.

Importa destacar que o turismo não precisa ser caro ou distante para produzir benefícios. Escapadas de final de semana para cidades próximas, caminhadas em parques urbanos ou visitas a museus e centros culturais da própria região já podem ser suficientes para proporcionar um descanso mental e emocional.

Microturismo ou Turismo de proximidade

O conceito de “microturismo” ou “turismo de proximidade” tem ganhado força justamente por reconhecer que pequenas pausas e deslocamentos curtos também contribuem para o bem-estar, sem exigir grandes recursos financeiros.

No entanto, para que o turismo seja verdadeiramente um instrumento de saúde mental acessível, é necessário que políticas públicas e iniciativas privadas trabalhem em conjunto para democratizar o acesso às atividades turísticas. Incentivos a viagens para populações de baixa renda, programas de turismo social e o desenvolvimento sustentável de destinos menos explorados são algumas das estratégias que podem ampliar os benefícios desse setor para diferentes camadas da sociedade.

Ademais disso, profissionais da saúde mental podem começar a incorporar procedimentos de viagem planejada como parte de abordagens terapêuticas integradas, respeitando as individualidades e limitações de cada paciente.

Em um mundo cada vez mais enfermado psicologicamente, o turismo se apresenta como uma válvula de escape, mas também como uma ferramenta preventiva e terapêutica. Viajar não resolve todos os problemas, é claro, mas pode oferecer o alívio necessário para recomeçar, repensar escolhas e fortalecer a mente diante das adversidades da vida moderna.

Mais do que luxo ou lazer, viajar pode – e deve – ser reconhecido como um direito de cuidado com a saúde mental.

Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos

Jornalista (MT/SC 4155)

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