Setembro Amarelo: sinais para ficar atento com a saúde mental
Setembro Amarelo: sinais para ficar atento com a saúde mental

Setembro Amarelo: 40 mil esperam por atendimento

579.643 óbitos, distanciamento social, dúvidas quanto à condução das políticas públicas, desinformação e atrasos na vacinação são apenas alguns aspectos da crise sanitária que vivemos, à qual se somam crises social, política e econômica, gerando medo, angústia, ansiedade, tensão, irritação, luto… sentimentos que agravam quadros de sofrimento psíquico.

Devemos levar em conta, ainda, nossas já consolidadas desigualdades, que impactam fortemente grupos mais vulneráveis. É o que demonstra um recente estudo da Fiocruz, que aponta que o impacto da pandemia foi maior em pessoas em situação de rua, com deficiência, LGBTI+, moradores de favelas e periferias etc. Em Santa Catarina, enquanto o PIB cresceu 2,9% entre abril de 2020 e março de 2021, o número de pessoas vivendo em extrema pobreza (com renda mensal pessoal de até R$ 89) nas maiores cidades do estado cresceu 30% desde março de 2020.

O cuidado em saúde mental para essa população não pode ser negligenciado. O Setembro Amarelo, iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Conselho Federal de Medicina na prevenção ao suicídio, à qual o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) vem somando esforços desde 2015, é uma oportunidade para tratar desse tema, em especial porque a população mais vulnerável depende exclusivamente do SUS para sua atenção à saúde.

Douglas Roberto Martins, promotor de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos e Terceiro Setor (CDH) do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC)

Dados do Sistema de Regulação (SISREG) mostram que ao menos 40.049 pessoas aguardam em filas de espera por atendimento em saúde mental no estado. De outro lado, a oferta desses serviços ainda é precária, a exemplo da cobertura de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). O site da Secretaria de Estado da Saúde aponta que Santa Catarina conta com 107 CAPS, localizados em 81 municípios e que atendem, ao todo, 123 municípios catarinenses, ou seja, a maioria dos 295 municípios catarinenses ainda não possui cobertura.

A campanha do MPSC deste ano tem o mote “tudo bem não estar bem. E tudo bem procurar ajuda também”, e essa ajuda não pode esbarrar na falta de serviços públicos ou em enormes filas. A melhor forma de prevenir os suicídios é a atenção integral à saúde mental, que depende do fortalecimento das Redes de Atenção Psicossocial (RAPS).

O MPSC tem atuado para que filas diminuam e as RAPS sejam fortalecidas. Que este mês seja uma oportunidade de colher compromissos efetivos, investimentos reais e ações concretas no fortalecimento da política pública de saúde mental.

Fonte: Ministério Público de Santa Catarina

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