Especialista desvenda os cuidados essenciais para tratar queimaduras causadas por fogos de artifício e alerta sobre os riscos durante as celebrações
Bom Dia SC – As festas juninas são uma das principais celebrações do Brasil, repletas de danças, comidas típicas e tradições que incluem acender fogueiras e soltar fogos de artifício. No entanto, especialistas alertam para os riscos associados a essas práticas, que resultam em milhares de vítimas devido a queimaduras.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 2023 e 2024, aproximadamente 14.000 hospitalizações de crianças e adolescentes foram registradas no Sistema Único de Saúde (SUS) em decorrência de acidentes com queimaduras. Em média, o SUS contabiliza cerca de 20 hospitalizações diárias nessa faixa etária, com os números se intensificando durante os festejos juninos, que se estendem até julho.
A maioria das ocorrências está relacionada a queimaduras de segundo grau, afetando principalmente os membros superiores, como mãos e punhos, além de braços, tronco, rosto e olhos. Infelizmente, esses acidentes podem ser fatais, resultando em mortes ou em lesões graves e permanentes. Homens entre 15 e 50 anos são as principais vítimas.
Diante desse cenário alarmante, é fundamental esclarecer os mitos e verdades sobre o tratamento de queimaduras. O médico dermatologista Sérgio dos Santos Barbosa, preceptor no ambulatório PROMOVE do Centro Universitário São Camilo, destaca a importância de informações precisas. Para ele, é essencial que todos estejam cientes dos riscos e saibam como agir em caso de acidentes, garantindo que as festas juninas sejam momentos de alegria, mas também de segurança.
O Dr. Sérgio dos Santos Barbosa aborda desde os primeiros socorros até os cuidados a longo prazo, desmistificando práticas populares e oferecendo orientações baseadas em evidências. “Eu creio que em relação à queimadura são duas partes. Primeiro é prevenção, evitar de se queimar. Então quem vai lidar com alguma coisa de fogo nessas festas juninas deve tomar muito cuidado e em segundo lugar é uma vez que tenha queimado fazer o essencial que é resfriar o local com água corrente, cobrir o local com um pano limpo ou uma gaze estéril e procurar um atendimento médico porque dependendo que extensão e localização e principalmente da gravidade vai necessitar de uma conduta diferente. “Nada de passar produtos populares!”, exclamou o dermatologista.

É verdade que colocar manteiga ou óleo em uma queimadura ajuda a aliviar a dor e a cicatrizar a pele?
Mito: A medida inicial é RESFRIAR O LOCAL com água corrente fria por pelo menos 10 a 20 minutos. Óleo ou manteiga podem facilitar a retenção de calor e aumentar o risco de infecções
Mito ou verdade que correr a queimadura sob água fria por 20 minutos é um dos primeiros socorros mais eficazes?
Verdade: Água corrente fria é a abordagem inicial para queimaduras. Isso vai reduzir a temperatura local, reduz inflamação em geral e aliviar a dor
É verdade que aplicar pasta de dente ou outras substâncias caseiras em queimaduras pode ajudar no tratamento?
Mito: É necessária a avaliação profissional para definir o que deve e como deve ser aplicado. A aplicação de pasta de dente ou outros remédios caseiros (como manteiga, clara de ovo, pó de café, entre outros) sobre queimaduras não é recomendada e não possui respaldo na literatura médica. Pelo contrário, tais práticas podem ser prejudiciais, pois aumentam o risco de infecção, dificultam a avaliação clínica da lesão e podem retardar o início de tratamentos adequado
É verdade que queimaduras de segundo grau devem ser cobertas com gaze estéril e encaminhadas a um profissional de saúde?
Verdade: Queimaduras de segundo grau (parciais) devem ser cobertas com gaze estéril ou curativo não aderente, conforme orientam as diretrizes internacionais de primeiros socorros e o consenso da literatura médica. Essa cobertura protege a ferida contra contaminação, reduz a dor e previne a perda de fluidos, sem reter calor excessivo.
Mito ou verdade que queimaduras de terceiro grau podem ser tratadas em casa com remédios caseiros?
Mito: Queimadura com perda de grande espessura da pele ou até exposição de músculos ou tendões só deve ser tratada por profissionais habilitados. Há casos que necessitarão de cirurgia e outros de antibióticos específicos

É verdade que aplicar gelo diretamente sobre a queimadura ajuda a aliviar a dor?
Mito: Gelo diretamente na pele não é uma boa medida, pois o excesso de resfriamento pode levar a piora da circulação local. O ideal é água corrente entre 12 a 18 graus. Caso não haja água gelada numa geladeira, o gelo pode ser usado para resfriar água da torneira em dias de calor. Eventualmente o gelo mas pode ser colocado num saco plástico ou pano e aplicado sobre o local por períodos bem curtos até o paciente (ou você) sentir alívio da dor, mas a preferencia é sempre por água corrente
Mito ou verdade que queimaduras causadas por líquidos quentes devem ser tratadas de forma diferente das queimaduras por fogo?
Verdade: São ambas consideradas como queimaduras térmicas onde o mais importante é resfriar o local, MAS queimaduras por fogo tendem a ser mais profundas e podem necessitar de internação hospitalar, intervenções cirúrgicas e suporte intensivo, especialmente quando associadas a outros traumas.
É verdade que é importante manter a queimadura limpa e protegida até o atendimento médico?
Verdade: Manter a queimadura limpa e protegida até a avaliação médica é fundamental para reduzir o risco de infecção, minimizar a dor e promover um ambiente propício à cicatrização. Após o resfriamento inicial com água corrente fria, recomenda-se cobrir a área queimada com um curativo limpo, não aderente e, preferencialmente, estéril.
O Dr. Sérgio dos Santos Barbosa reforça a importância de prevenir acidentes e saber agir corretamente em caso de emergência. ” Informações precisas sobre primeiros socorros e cuidados a longo prazo são fundamentais para evitar complicações e garantir a segurança durante as festas juninas e com os devidos cuidados, as comemorações podem ser momentos de alegria e diversão, sem colocar a saúde em risco”, finalizou.
Fonte: Dr. Sérgio dos Santos Barbosa
