Bom Dia SC – Recentemente, o país sofreu o impacto da gripe aviária nas granjas brasileiras. A doença é causada pelo vírus Influenza tipo A, altamente contagioso, que afeta principalmente aves, mas também pode infectar mamíferos. O primeiro caso foi registrado em maio de 2025, no Rio Grande do Sul, sendo a primeira ocorrência em uma granja comercial no Brasil.
Após a confirmação, o país adotou medidas protetivas voltadas à segurança sanitária. Foi decretado estado de emergência zoossanitária e implementadas ações emergenciais nas zonas de proteção e de vigilância ao redor do foco da ocorrência. Devido às medidas adotadas tanto pelo Brasil quanto por países com os quais mantém relações comerciais, o país enfrentou 28 dias de restrição e suspensão nas exportações de carne de frango, mantendo um plano de vigilância ativo para controle da doença.
Repercussões no mercado interno e dinâmica dos preços
Embora o incidente tenha sido pontual, restrito a um único estado e sem resultar em contaminação em massa, suas repercussões no mercado interno foram significativas. A divulgação da gripe aviária causou uma reação inicial intensa no mercado, gerando especulações sobre as medidas a serem adotadas e seus possíveis efeitos. Isso provocou uma movimentação seguida por uma queda nos preços.
No segmento do farelo de soja, a notícia da gripe aviária agravou uma tendência de queda já em curso, impulsionada também por uma safra recorde. A redução na demanda por farelo de soja destinado à nutrição animal, diretamente associada à gripe aviária, resultou em excedente de produto no mercado, pressionando ainda mais os preços. Mesmo com o fim do recesso sanitário, não há, até o momento, expectativa de recuperação dos preços, em razão da alta disponibilidade do produto.
O mercado de farinha, intimamente ligado ao de farelo, também foi afetado. Os preços caíram devido ao volume excedente de farelo e à queda na demanda, agravada pela ampla oferta de produtos.

Implicações no esmagamento de soja
Adicionalmente, a gripe aviária contribuiu para a redução no volume de esmagamento de soja. A atratividade dos preços tanto do óleo de soja (produto) quanto do farelo de soja (coproduto) diminuiu, com ambos registrando queda na demanda. A demanda por óleo de soja foi impactada pelo consumo de biodiesel, enquanto a do farelo foi afetada diretamente pela gripe aviária.
Em contrapartida, o preço do grão de soja aumentou, impulsionado pela demanda chinesa. Essa combinação de fatores tornou o esmagamento de soja economicamente desfavorável no período analisado.
Em suma, embora o surto de gripe aviária no Brasil, em maio de 2025, tenha sido prontamente contido por meio de rigorosas medidas sanitárias e restrições temporárias às exportações, seus efeitos no mercado interno foram expressivos. A confirmação da doença provocou especulações e levou à queda nos preços de commodities como o farelo de soja, que já enfrentava um cenário de safras recordes. A diminuição da demanda por nutrição animal e a elevada oferta de produtos acentuaram a desvalorização dos preços do farelo e da farinha. Além disso, a gripe aviária, aliada à baixa demanda por óleo de soja e ao aumento no preço do grão de soja devido à procura chinesa, desempenhou um papel importante na retração das operações de esmagamento de soja no país.
Fonte: Aboissa
