O apelo do Papa Francisco em seus últimos discursos, lembrando que este ano será inteiramente dedicado à oração, em preparação para o ano Jubilar de 2025, inspira-nos a orar como Jesus orou. Francisco nos convida a redescobrir a centralidade da oração e destaca que uma boa leitura pode estimular a pessoa a orar com simplicidade, renovando todos os dias a alegria e o compromisso de ser homem e mulher de oração.
O Papa enfatiza que, na oração não devemos ser como papagaios, que apenas repetem palavras…. É a oração do coração que chega aos céus e agrada a Deus. “Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais” (Mt 6,7-8).
E nesse Evangelho, até o versículo 15, Jesus nos ensina a rezar o “Pai Nosso”, modelo de oração cristã que exalta a Deus Pai e sua proximidade com quem faz a sua vontade, quem perdoa as ofensas recebidas e suplica com confiança a sua misericórdia.
Antes mesmo de escolher os doze apóstolos, “Jesus retirou-se na montanha para rezar, e passou toda a noite em oração a Deus” (Lc 6,12), dando-nos o exemplo da eficácia da vigília orante, para se tomar grandes decisões.
Jesus nos ensina que a qualidade da oração depende da fé e da capacidade de perdoar: “Tende fé em Deus… Tudo o que pedirdes na oração, acreditai que já o recebestes, e assim será. Quando estiverdes rezando, perdoai tudo o que tiverdes contra alguém, para que vosso Pai que está nos céus também perdoe os vossos pecados” (Mc 11,22-26). Primeiro é preciso ter fé em Deus, não duvidar nem em pensamento. Antes, porém, devemos nos libertar de toda mágoa que tivermos contra alguém. Assim, podemos acreditar na eficácia da nossa oração, um gesto de bondade que atrai a Misericórdia do Pai.
Nossa oração deve ser, em primeiro lugar, um ato de louvor e glória a Deus, com o coração alegre, como narra o evangelista Lucas: “Naquele momento, exultou Jesus de alegria no Espírito Santo e disse: Eu vos bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque estas coisas que escondestes aos sábios e entendidos, vós as revelastes à gente simples. Sim, Pai, porque assim foi de vosso agrado” (Lc 10,21).
O apóstolo João Evangelista também narra diversos momentos significativos em que Jesus se coloca em oração, tais como: Antes de um encontro com o povo no templo: “Dirigiu-se Jesus para o monte das Oliveiras. De manhã cedo voltou ao templo, e todo o povo acorreu a ele. Sentou-se e pôs-se a ensiná-los” (Jo 8,1-2). E na hora de realizar o milagre da ressurreição do amigo Lázaro: “Jesus ergueu os olhos para o alto e disse: Pai, eu vos agradeço porque me ouvistes” (Jo 11,41). Também na belíssima oração sacerdotal, do capítulo 17, em que ora pela unidade dos cristãos, não só para seus primeiros seguidores mas por todos nós, que viemos depois: “Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que, por meio de sua palavra, vão crer em mim; para que todos sejam um, assim como vós, ó Pai, estais em mim e eu em vós; para que também eles sejam um em nós, a fim de que o mundo creia que vós me enviastes” (Jo 17,21-22).
Se Cristo, em sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas a Deus Pai, muito mais nós devemos nos unir, no Espírito Santo, ao Papa Francisco, neste ano dedicado à oração. Com muita lucidez, ele escolheu para o Jubileu de 2025 o tema “Peregrinos da esperança”, justamente porque os desafios do tempo presente põem em risco a Esperança, uma das Virtudes Teologais que nos foi dada por Deus na graça do Batismo.
Fonte: José Expedito da Silva