1,5 mil peças: Produção diária da Strauss/Foto: Leo Laps
1,5 mil peças: Produção diária da Strauss /Foto: Leo Laps

Sopro de luxo, fazer cristais é algo mágico

Fazer cristais é algo mágico, lembro a primeira vez em que vi como era feita uma taça de cristal. É algo que marca, que fica na memória”, fala Denis Casa Funcionário da Strauss, filho e neto de mestres cristaleiros

1,5 mil peças: Produção diária da Strauss/Foto: Leo Laps
1,5 mil peças: Produção diária da Strauss/Foto: Leo Laps

Denis Casa saiu sem muita esperança de uma entrevista de emprego na nova unidade da Strauss em Pomerode. Adquirida um ano antes pelo Grupo Oxford em um leilão, no valor de R$ 3,85 milhões, sob a nova gestão a fábrica de cristais migrou sua produção da Itoupava Central, em Blumenau, para o pequeno e turístico município vizinho. Denis, que havia trabalhado na Strauss por 22 anos – desde os 14 – como soprador de cristais, sonhava em voltar à profissão herdada do pai e do avô desde a falência da empresa, em 2016.

Na segunda-feira seguinte à entrevista, um telefonema devolveu a alegria ao artesão blumenauense. “Eu amo, amo demais fazer meu trabalho. Quando a Strauss faliu, meu mundo caiu, não havia vagas no mercado e fiquei sem saber o que fazer da vida. Pensa na alegria que eu senti ao ser recontratado”, conta Denis, que em janeiro completou cinco anos na nova casa.

Especialista na produção de peças grandes, como decantadores de vinho e taças com overlay (técnica que adiciona uma camada de cristal colorido aos produtos), ele revela que, com quase três décadas no ofício, ainda não sabe fazer tudo dentro da fábrica: “Não é um trabalho monótono, estamos sempre mudando as peças, e é um trabalho que exige constante aprendizado. Não é qualquer um que consegue aprender a fazer”.

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Produção artesanal: peças são lapidadas e retêm melhor os aromas e sabores / Foto: Divulgação
Produção artesanal: peças são lapidadas e retêm melhor os aromas e sabores / Foto: Divulgação

A aquisição da Strauss, grande referência do mercado de taças de alto valor agregado, é parte de uma estratégia da Oxford para aumentar o market share no mercado de luxo e de alto luxo. A empresa fundada em São Bento do Sul no começo dos anos 1950 já tinha sua linha de cristais artesanais desde os anos 2000, quando terceirizava a produção na Cristais Hering. Dez anos depois, adquiriu uma pequena fábrica em Pomerode. Após vencer o leilão, a empresa optou por transferir a operação completa para o mesmo local, onde havia fornecimento de gás natural. “Na Itoupava Central, a única fonte de energia era a elétrica, que se tornou uma matriz dispendiosa para este tipo de negócio. Inclusive, acredito que isso prejudicou bastante os negócios da Strauss na época. Por isso migramos para Pomerode”, explica o diretor superintendente da Oxford, Irineu Weihermann.

No novo endereço, a produção e o número de funcionários dobraram, com dois fornos ligados a mais de 1 mil graus Celsius. Todos os dias, 70 funcionários atuam para produzir cerca de 1,5 mil peças, em um portfólio que ultrapassa 1 mil itens, a maior parte com alto valor agregado e fruto de um trabalho manual delicado e atento ao mínimo defeito. “Cerca de 30% das peças acabam indo para a segunda linha, pois temos um padrão de qualidade muito elevado. Qualquer falha, por minúscula que seja, já é o suficiente para desaprovar uma peça”, conta o gerente de produção da fábrica em Pomerode, Osvaldo Malinoski.

A produção de cristais de forma artesanal, que tem raízes milenares, luta para sobreviver não apenas na região do Vale do Itajaí, onde a tradição foi trazida por imigrantes europeus, mas em todo o mundo. A concorrência com produtos industrializados, produzidos na China e outros países, é perdida principalmente no preço. “Esses produtos não têm a transparência, o peso e o brilho do cristal puro. Para fabricar em máquinas é preciso mexer na composição, não é possível lapidar. E há a parte funcional: o cristal é mais rugoso, retém melhor os aromas e o sabor de um vinho e, por ser mais translúcido, permite observar melhor a cor da bebida. Mas a diferença de preços faz com que o cristal artesanal perca muito público para o produto industrializado”, avalia Weihermann.

Produção artesanal / Foto: Divulgação
Produção artesanal /Foto: Divulgação

Hoje, a Oxford oferece uma linha de taças e outros produtos fabricados industrialmente para concorrer nessa faixa de preços mais agressivos. Mas a marca Strauss trabalha exclusivamente com peças artesanais, tudo feito em Pomerode, com taças que podem ultrapassar o valor de R$ 1 mil por unidade. Mesmo sendo um mercado tão exclusivo, a empresa colocou como objetivo, após a aquisição da marca, chegar a 20% do faturamento total do Grupo Oxford apenas com produtos Strauss. “Para isso, estamos agregando outros tipos de produto à marca, como porcelanas finas, uma linha com bandejas e bases de jarras em prata e uma linha de tecidos, como guardanapos e toalhas de mesa, e até mesmo produtos aromáticos”, antecipa Weihermann.

Todas essas novidades, assim como boa parte do imenso portfólio da Oxford (que inclui ainda a marca Biona, mais popular, com foco em cerâmicas), poderão ser vistos e adquiridos a partir de junho em uma nova loja de fábrica que está em construção. Com 700 metros quadrados e um investimento de R$ 4 milhões, o ponto de vendas conta com arquitetura moderna e arrojada, com inspiração germânica, que vai envolver a velha casinha enxaimel onde os produtos eram vendidos até então. “Estamos fazendo em Pomerode um experimento de loja conceito, flagship, que pode se espalhar pelo Brasil. Com o alto fluxo de turistas na região, vimos que seria algo para entrar na rota turística de Pomerode”, afirma o diretor superintendente da empresa. A prefeitura, de fato, já abraçou a ideia. “É o tipo de coisa que eles estão buscando para a economia do município”, atesta Weihermann.

Projeto da loja com fábrica anexa: turistas verão de perto o trabalho dos artesãos/ Foto: Divulgação
Projeto da loja com fábrica anexa: turistas verão de perto o trabalho dos artesãos/ Foto: Divulgação

Caquinhos

Mais do que simplesmente vender mais produtos, a ideia como loja conceito é proporcionar uma experiência diferenciada ao visitante, com tecnologia para interações e novas formas de apresentar as peças, antecipa Weihermann. O piso será feito com caquinhos de cristal. Um jardim de inverno e amplas janelas devem fazer os cristais reluzir à luz do sol. A obra ainda prevê uma estrutura que possibilitará visitações ao ambiente fabril, onde será possível ver de perto todo o talento de artesãos como Denis Casa. “Fazer cristais é algo mágico, lembro a primeira vez em que vi como era feita uma taça de cristal. É algo que marca, que fica na memória”, garante o soprador da Strauss. É o que muitos visitantes de passagem por Pomerode poderão confirmar a partir do segundo semestre.

Em sintonia com a aposta nos cristais de luxo da Strauss, a Oxford acelera o desenvolvimento de produtos de alto valor agregado em todas as suas linhas e almeja aumentar a participação no mercado externo – seus produtos chegam a 50 países e a exportação absorve entre 12% e 15% da produção de 8,5 milhões de peças por mês. A empresa investe em um centro de distribuição nos Estados Unidos com o objetivo de atender melhor e mais rapidamente os varejistas locais, e também os mercados europeu e asiático. Com mais de 3 mil funcionários e fábricas em Santa Catarina e no Espírito Santo, a Oxford faturou R$ 449 milhões em 2022 e o objetivo é dobrar as vendas em um intervalo de cinco anos.

Fonte: Assessoria de Imprensa Fiesc

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