Na noite desta terça-feira, 10 de dezembro de 2024, o Senado Federal aprovou, em uma votação histórica, o projeto de lei que estabelece a regulamentação da inteligência artificial (IA) no Brasil. A proposta, que passou por meses de discussão e ajustes no Congresso Nacional, visa criar um marco regulatório que busque equilibrar a inovação tecnológica com a proteção de direitos fundamentais e a segurança dos cidadãos.
A medida, que agora segue para sanção presidencial, foi aclamada por especialistas como um passo crucial para o país se adaptar às rápidas transformações tecnológicas, sem abrir mão da ética e da transparência. O projeto define princípios e normas para o desenvolvimento, implementação e uso de sistemas de IA no Brasil, com foco na responsabilidade social e no respeito aos direitos humanos.
A regulamentação abrange diversos setores, desde a segurança pública até o setor privado, com ênfase no combate a discriminação algorítmica e na criação de mecanismos de governança para garantir a prestação de contas no uso da IA. A proposta estabelece também que empresas que utilizam IA de forma significativa em suas operações deverão se submeter a auditorias periódicas, garantindo a confiabilidade e a segurança dos sistemas.
Entre os pontos mais destacados do projeto, está a criação de uma Autoridade Nacional de Inteligência Artificial (ANIA), responsável por supervisionar a aplicação da lei, além de fomentar a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias relacionadas. A ANIA terá autonomia para fiscalizar e aplicar sanções em casos de violação dos direitos dos cidadãos, como no caso de discriminação baseada em dados enviesados ou na invasão de privacidade.
Brasil na Vanguarda
Senadores destacaram que a aprovação da regulamentação coloca o Brasil em posição de liderança na América Latina em termos de governança de IA. “O Brasil precisa estar preparado para os desafios do futuro, e isso inclui uma regulamentação sólida que proteja nossos cidadãos enquanto estimulamos a inovação e a competitividade”, afirmou o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), um dos relatores do projeto.
Apesar do apoio majoritário, o projeto enfrentou resistência de alguns parlamentares, que temiam um impacto excessivo sobre o desenvolvimento tecnológico no país. Críticos apontaram que regras muito rígidas poderiam desincentivar startups e empresas emergentes da área de tecnologia, que dependem da flexibilidade para inovar. Contudo, a versão final do projeto buscou um equilíbrio, criando um ambiente regulatório propício ao crescimento, sem comprometer a ética no uso da tecnologia.
Com a aprovação do Senado, o Brasil se junta a uma crescente lista de países que estão adotando marcos regulatórios para a IA, como a União Europeia, que já avançou com a Lei de Inteligência Artificial, e os Estados Unidos, que discutem propostas semelhantes. A expectativa é que, com a regulamentação, o Brasil atraia mais investimentos no setor e se torne um hub de inovação em inteligência artificial, ao mesmo tempo em que protege os direitos de seus cidadãos.
Agora, com a palavra, o presidente da República, que poderá sancionar a lei nos próximos dias, marcando o início de uma nova era para a inteligência artificial no Brasil.