Em SC, 29,1% da população tem acesso a tratamento de esgoto e 89,6% da população conta com água tratada/Foto: Freepik
Em SC, 29,1% da população tem acesso a tratamento de esgoto e 89,6% da população conta com água tratada/Foto: Freepik

SC terá de investir R$ 20 bi até 2033 para universalizar saneamento

Estudo do Trata Brasil mostra que no ritmo atual, SC levaria 55 anos para atingir meta do marco legal

Entre os principais desafios na gestão de recursos hídricos, está o estabelecimento de regras claras de governança, segurança jurídica e econômica para garantir os investimentos necessários para a universalização do tratamento de água e esgoto. Só em SC, seriam necessários investimentos de cerca de R$ 20 bilhões para garantir o acesso, em valores atuais. O dado deriva de estudo do Instituto Trata Brasil, que estima que seriam necessários investimentos de R$ 231 por habitante, por ano até 2033, e contempla o crescimento da população de acordo com projeções do IBGE.

Estudo do Instituto Trata Brasil mostra que SC avançou muito pouco na ampliação do acesso ao tratamento. De 2018 a 2022, a evolução na coleta de esgoto foi de apenas 1,1% ao ano. Nesse ritmo, segundo a presidente-executiva do Instituto, Luana Siewert Pretto, levaria 55 anos para que o estado atingisse a meta de universalização do acesso determinada pelo marco legal. O dado mais recente, de 2022, mostra que apenas 29,1% da população catarinense tem acesso a tratamento de esgoto, e 89,6% da população conta com água tratada. Os números foram divulgados na apresentação da Agenda da Água 2025, iniciativa da Federação das Indústrias do Estado de SC (FIESC) nesta sexta-feira, 6.

Melhorar a governança é essencial para gerenciamento de recursos hídricos, diz FIESC/Foto: Filipe Scotti
Melhorar a governança é essencial para gerenciamento de recursos hídricos, diz FIESC/Foto: Filipe Scotti

Para Egídio Antônio Martorano, gerente-executivo de Logística, Meio Ambiente e Sustentabilidade da FIESC, estabelecer políticas públicas de estado para a questão da água é o primeiro passo, assim como fortalecer as agências reguladoras, os comitês das bacias hidrográficas e os órgãos de Defesa Civil. “Para ampliar o atendimento à população catarinense, é preciso melhorar o ambiente jurídico e econômico, melhorar a governança e pensar em modelos que permitam que os investimentos necessários sejam feitos com segurança”, explicou.

Na avaliação do consultor e especialista em saneamento Yuli Mello Dugaich, a região sul é a mais atrativa para investimentos privados no setor de saneamento. As receitas das empresas de saneamento da região somadas têm a maior tarifa de arrecadação, a maior capacidade de pagamento da população e o maior custo. “Isso é consequência de uma atuação displicente. Temos um potencial de economia e redução de custos significativas, mas isso representa uma grande oportunidade. Somos a melhor alternativa para o investidor privado”, avaliou.

Segundo Fernanda, do Trata Brasil, os investimentos em saneamento produziriam benefícios econômicos e sociais adicionais de R$ 14,8 bilhões até 2040. A maior parte viria da economia com gastos com saúde (R$ 5,18 bilhões), seguidos por R$ 3,1 bilhões do turismo, R$ 1,9 bilhão da valorização imobiliária de R$ 1,9 bilhões e mais R$ 1,8 bilhão com ganho de renda e produtividade no trabalho. “A cada R$ 1 investido, poderíamos chegar a R$ 5,7 de retorno no longo prazo em SC”, afirmou.

Eventos climáticos

Outro destaque da Agenda da Água da FIESC é a preocupação com os eventos climáticos extremos. A Federação tem como proposta a elaboração de um plano de adaptação para mudanças climáticas. Martorano destacou que iniciativas como o GEDClima, do Ministério Público Estadual, contribuem para o debate de propostas nesse sentido.

Ministério Público de SC acompanha saneamento há 20 anos/Foto: Filipe Scotti
Ministério Público de SC acompanha saneamento há 20 anos/Foto: Filipe Scotti

A promotora Fernanda Broering Dutra, coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente, destaca que o GEDClima identificou um problema estrutural na vulnerabilidade do estado em relação aos eventos climáticos extremos. “É uma pauta de todos, em que a sociedade catarinense toda precisa se envolver. A gestão da água deve ser uma prioridade”, salientou. “SC não está preparada para um desastre de mesmas proporções que o do RS. É um desafio manter nos municípios estruturas preparadas para atender situações de desastres. A assistência social é o principal gargalo, assim como a logística para atender doações”, destacou.

Na avaliação do diretor da secretaria de Proteção e Defesa Civil, Coronel Cesar de Assumpção Nunes, a falta de estruturas dos municípios é o maior gargalo. Embora exista uma política clara de responsabilidades e competências, os municípios enfrentam a falta de estrutura, de recursos e de cultura de proteção. “Apesar de sermos referência no país, a Defesa Civil estadual enfrenta uma realidade triste: com a mudança do executivo municipal em 2025, o trabalho de capacitação e mobilização recomeça do zero. Já estamos nos preparando para treinar e envolver as novas equipes nos municípios”.

Senai

Durante o evento, o especialista em serviços tecnológicos do Instituto SENAI de Tecnologia Bruno Hass explicou que o Instituto conta com um serviço de modelagem hidráulica de cheias e inundações. A ideia é apresentar uma solução a empresas e municípios para prevenir desastres e orientar investimentos, com a simulação de áreas afetadas em casos de cheias, por exemplo.

Fonte: Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC

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