Por que o Dia da Consciência Negra foi criado? Conheça mais sobre a importância da data
O Dia da Consciência Negra é celebrado no dia 20 de novembro, data atribuída à morte do líder negro Zumbi dos Palmares, personagem-símbolo da luta contra a escravidão e de valorização do povo afro-brasileiro, ocorrida em 1695.

Qual é a história do Dia da Consciência Negra?
A primeira celebração pelo Dia da Consciência Negra ocorreu em 1971, quando o poeta Oliveira Silveira formou o Grupo Palmares, em Porto Alegre.
Foi o primeiro 20 de novembro comemorado em memória de Zumbi.
O evento também tinha como objetivo fazer um contraponto à celebração do dia 13 de maio, data da abolição da escravatura.
O calendário escolar da época exaltava a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, porém, sabe-se que o documento não garantiu os direitos da população negra no Brasil.
Oficialmente, o Dia da Consciência Negra foi inicialmente instituído por uma lei (Nº 10.639), em 9 de janeiro de 2003.
A legislação determinava a celebração da data no calendário escolar e também a inclusão da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” no currículo das instituições de ensino.
Em 2011, a Lei Nº 12.519 foi sancionada e estabeleceu o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

Por que o feriado da Consciência Negra foi criado?
A escravidão no Brasil teve início por volta da década de 1530, primeiramente com o povo indígena que, com o passar do tempo, foi sendo substituído pelos africanos.
Zumbi nasceu no Quilombo dos Palmares, em 1655, e lutou durante toda a vida contra a escravidão, tornando-se um dos maiores símbolos da história do Brasil.
Ele foi o último líder do quilombo e foi morto em uma batalha contra colonos portugueses, em 1695.
O Quilombo dos Palmares foi o maior refúgio de escravos do período colonial brasileiro e se localizava na atual região de União dos Palmares, em Alagoas.
O Brasil foi o último país da América Latina a abolir a escravidão, em 1888.
No entanto, a busca pelo respeito e pelos direitos iguais segue ao longo de toda a história da população negra.
O Dia da Consciência Negra, então, marca a importância da memória da luta afrodescendente no país, assim como o seu imensurável valor cultural.
As cidades, a arquitetura, a gastronomia, a música e tantos outros elementos que compõem a nossa brasilidade tiveram influência direta dos povos africanos que aqui se instalaram.
O feriado também representa o combate à discriminação racial, que, apesar de crime no país, ainda é uma realidade em nossa sociedade.
Consciência Negra é feriado nacional ou estadual?
Mesmo que o Governo Federal tenha instituído a lei em 2011, o Congresso Nacional nunca legislou sobre o tema.
Portanto, o Dia da Consciência Negra não é um feriado nacional e cada estado pode optar por instituí-lo como folga ou não.
Existe um projeto de lei (Nº 296/15) que propõe que a data passe a ser feriado nacional, mas ainda está em tramitação na Câmara dos Deputados.

Como honrar o feriado da Consciência Negra?
Independentemente se a sua cidade celebra o Dia da Consciência Negra como feriado ou não, é muito importante lembrar e valorizar a data.
A oficialização do dia é um marco para diversos movimentos que lutam pelo reconhecimento da cultura e memória dos afrodescendentes.
Porém, celebrar e tomar maior conhecimento sobre o assunto também deve ser uma atitude individual.
Segundo dados do informativo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, divulgado em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pela primeira vez os negros são maioria no ensino superior público no país.
A proporção de matrículas de pessoas pretas ou pardas é de 50,3%.
Embora esse seja um dado animador, ele ainda não se reflete no mercado de trabalho, por exemplo.
Apenas 4,7% dos cargos executivos em grandes empresas do país são ocupados por negros, segundo pesquisa do Instituto Ethos.
Esses são apenas alguns dados para refletirmos sobre a posição dos negros em nossa sociedade.
Em um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, encomendado pela revista Veja e divulgado em 2020, 61% dos entrevistados admitiram que o Brasil é um país racista e 56,7% disseram que negros e brancos não têm oportunidades iguais no Brasil.
Essa é mais uma data na qual podemos refletir a respeito da desigualdade racial que ainda existe no Brasil, um país em que 56% da população se identifica como preto ou pardo.
4 lugares para conhecer a história da Consciência Negra no Brasil
Uma forma de honrar e conhecer mais acerca da história do 20 de novembro no Brasil é visitar locais turísticos voltados à cultura afrodescendente ou que ofereçam roteiros especiais sobre a temática.
1. Parque Memorial Quilombo dos Palmares

Talvez o principal destino para quem quer mergulhar na origem do feriado seja conhecer o Parque Memorial Quilombo dos Palmares.
O local é reconhecido como Patrimônio Cultural do Mercosul desde 2017 e está situado na Serra da Barriga, núcleo do Quilombo dos Palmares durante mais de um século (entre 1597 e 1704).
O quilombo foi de grande importância para a reorganização social dos afrodescendentes no país.
A Serra fica próxima à cidade de União dos Palmares, a cerca de 80 quilômetros de Maceió.
O memorial é o primeiro parque no país a reconstituir cenários do período da escravidão.
Os visitantes podem conhecer instalações que fazem referência à época do quilombo, como um terreiro de ervas e a casa da farinha.
2. Museu Afro Brasil

A cidade de São Paulo está incluída na lista de municípios que declararam o 20 de novembro como feriado.
Além de diversas celebrações realizadas no dia, a capital paulista conta com o Museu Afro Brasil, uma belíssima atração em meio ao Parque Ibirapuera.
O local abriga um acervo de mais de 6 mil obras de arte que retratam aspectos culturais africanos e afro-brasileiros sobre diversos temas, como escravidão, religião e trabalho.
O museu foi inaugurado em 2004 com a coleção particular de Emanoel Araujo, diretor-curador do espaço, que desejava expor as diversas contribuições africanas à cultura brasileira.
Lá também está instalada a Biblioteca Carolina Maria de Jesus, que dispõe de cerca de 10 mil itens entre livros, revistas e teses, além de uma coleção especializada em escravidão.
3. Quilombo Campinho da Independência

Essa é mais uma fantástica oportunidade para quem quer conhecer de perto a história dos descendentes africanos in loco.
A Comunidade Quilombola do Campinho da Independência é um espaço situado a 13 quilômetros de Paraty (RJ) e insere os visitantes em uma viagem no tempo.
A comunidade se instalou no local no final do século XIX e é composta por descendentes de três escravas da época da queda do regime escravocrata.
Entre as atrações oferecidas no roteiro do passeio está a roda de contação de histórias.
Os visitantes ouvem relatos das moradoras mais velhas da comunidade, com a mediação de um quilombola.
São histórias de lutas, lembranças e conquistas passadas de geração para geração.
Além disso, o roteiro inclui um restaurante que pratica a culinária sustentável, utilizando ao máximo os produtos cultivados localmente, e lojinhas de artesanato.
4. Pelourinho

Não pode faltar nesta lista de indicações o Pelourinho, famosa atração turística de Salvador.
Patrimônio Histórico da Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1985, o bairro é repleto de referências da cultura negra.
No decorrer do século XX, o Pelourinho se transformou em um bairro negro e abrigou diversos grupos culturais e comunitários.
Ao visitar o local, não deixe de conhecer o Museu Afro-Brasileiro (MAFRO), que trata exclusivamente da cultura africana inserida na construção da cultura brasileira.
Um dos objetivos do lugar é contribuir para a educação que incentive as boas relações étnico-raciais.
Outro ponto principal do bairro é a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, construída no século XVIII por irmandades de negros.
Fonte: Magazine

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