Preliminarmente, no coração dos pampas gaúchos, filme “Netto Perde Sua Alma” desenrolou sua trama épica, um conto visceral de honra, vingança e destino. Sob o céu imenso e azul do Rio Grande do Sul, a história de Neto se tecia como um chimarrão compartilhado entre amigos à sombra de um cinamomo.
Outtrossim, Netto, um jovem destemido protagonizava tal saga. Filho de um estancieiro tradicional, ele carregava no sangue a bravura dos ancestrais que haviam desbravado aquelas terras. Porém, a vida de Neto não era feita apenas de campos verdejantes e amanheceres tranquilos; havia uma sombra que pairava sobre seu destino.
Tudo começou quando a calmaria da estância foi quebrada por um evento trágico. A morte de seu pai, em circunstâncias misteriosas, lançou Neto em um turbilhão de emoções e dúvidas. Ele, que até então tinha o mundo à sua frente, viu-se diante de um dilema: seguir o legado da família ou vingar a morte do pai, custe o que custar.
De outro vértice, a persecução por respostas levou Neto a lugares sombrios da própria mente. Os pampas, que antes pareciam vastos e acolhedores, transformaram-se em um deserto de incertezas.
Em sua jornada, Neto encontrou personagens que enriqueceram sua travessia: o velho sábio das coxilhas, que lhe ofereceu conselhos enigmáticos; a moça de olhos tristes e alma inquieta, que lhe mostrou o verdadeiro significado do amor e da perda; e o antagonista, cuja presença ameaçadora era um constante lembrete do preço que a vingança cobra.
O diretor, com maestria, capturou a essência do povo gaúcho, suas tradições e seu orgulho indomável. Cada cena era um poema visual, com a beleza crua das paisagens contrastando com a intensidade das emoções de Neto.
As canções, uma ode à cultura regional, permeavam a narrativa, tornando-se quase um personagem à parte, que conduzia o espectador por esse labirinto de sentimentos.
No clímax, quando Neto finalmente confrontou o responsável pela morte de seu pai, a verdade revelou-se tão devastadora quanto libertadora. A vingança, que ele pensava ser sua única saída, mostrou-se uma prisão. Perder a alma, no fim, não era sobre sucumbir ao ódio, mas sobre redescobrir a própria essência em meio ao caos.
Em epítome, “Netto Perde Sua Alma” é mais que um filme; é uma viagem ao âmago da existência humana, onde o amor, a dor e a redenção se entrelaçam como os ventos que sopram sem fim sobre os pampas.
Por final, ao esmaecer das luzes, deixamos o cinema com a alma tocada, como se tivéssemos cavalgado ao lado de Neto, sentindo cada batida de seu coração, cada sopro de sua luta, cada centelha de sua redenção.
Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos – Crítico de Arte

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