Preliminarmente, John Maynard Keynes, um dos mais influentes economistas do século XX, revolucionou o pensamento econômico ao propor uma nova forma de compreender as crises econômicas e os ciclos de produção. Nascido na Inglaterra, em 1883, Keynes rompeu com a visão clássica que defendia a autorregulação dos mercados e o pleno emprego como condição natural das economias. Sua obra mais emblemática, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, publicada em 1936, surgiu como resposta à Grande Depressão de 1929, período em que milhões de pessoas perderam seus empregos e o mundo mergulhou em uma profunda recessão.
Para Keynes, o mercado, quando deixado à própria sorte, não era capaz de garantir o equilíbrio pleno, especialmente em momentos de retração da demanda agregada. A queda do consumo e dos investimentos privados, segundo ele, gerava um ciclo vicioso de desemprego e estagnação, impossibilitando a recuperação econômica de forma espontânea. Nesse contexto, o papel do Estado tornava-se fundamental para intervir na economia por meio de políticas fiscais e monetárias que estimulassem a demanda e impulsionassem o crescimento.
Destarte, um dos precípuos contributos de Keynes foi a defesa dos gastos públicos como instrumento de política econômica. Ao contrário dos economistas clássicos, que pregavam o equilíbrio orçamentário a qualquer custo, ele argumentava que, em tempos de crise, o governo deveria aumentar seus gastos, mesmo que isso implicasse em déficits temporários. Esses investimentos públicos teriam o efeito multiplicador de reaquecer a economia, gerar empregos e restaurar a confiança dos agentes econômicos.
Ademais disso, Keynes destacou a importância da taxa de juros como ferramenta de estímulo aos investimentos. Em sua visão, taxas de juros elevadas desincentivavam o setor privado a investir, agravando o quadro recessivo. Assim, defendia que o Estado, através dos bancos centrais, deveria reduzir os juros para fomentar o crédito e facilitar o financiamento das atividades produtivas.
Outrossim, a sua doutrina influenciou a criação de instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, destinadas a promover a estabilidade econômica e financeira global no pós-guerra. Durante décadas, suas ideias nortearam as políticas econômicas de diversas nações, especialmente no período conhecido como os “Trinta Anos Gloriosos”, marcado pelo crescimento econômico e pela ampliação dos direitos sociais no mundo ocidental.
No entanto, a partir da década de 1970, o keynesianismo passou a ser contestado pelos defensores do neoliberalismo, que criticavam a excessiva intervenção estatal e os déficits públicos gerados pelas políticas keynesianas. Mesmo assim, as ideias de Keynes ressurgiram com força em momentos de crise, como ocorreu em 2008, quando diversos governos recorreram aos estímulos fiscais para conter os efeitos da crise financeira global.
O legado de Keynes permanece atual, sobretudo em um mundo que ainda enfrenta desafios como o desemprego estrutural, a desigualdade social e as crises econômicas cíclicas. Sua visão sobre o papel do Estado como agente regulador e promotor do bem-estar social continua sendo uma referência para economistas, governos e formuladores de políticas públicas que buscam construir sociedades mais justas e equilibradas.
Em epítome, Keynes, ao enxergar a economia não apenas como números e teorias, mas como uma ciência voltada para melhorar a vida das pessoas, consolidou-se como um dos grandes pensadores da história econômica mundial.
Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos
Jornalista (MT/SC 4155)

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