Quando fui Secretário de Desenvolvimento Econômico / Turismo em Campo Mourão-PR, conheci no município vizinho de Farol, a história do Profeta João Maria na Água da Fonte
Mais tarde, quando ministrava cursos de Turismo Rural pelo SENAR, nos quatro cantos do Paraná, conheci em Tibagi-PR, o Olho d’Água do Monge João Maria, próximo a entrada do Parque Estadual do Guartelá.
Foi quando me motivei a ser entusiasta pelo significado de João Maria, ao juntar as histórias do Profeta e do Monge. Diante da riqueza deste patrimônio cultural, que integra fé popular e meio ambiente, com grande potencial para o Turismo Regional, passei a priorizar o assunto no meu Radar de Interesses.
Fui conhecendo Olhos d’Água do Monge João Maria, como por exemplo, Ponta Grossa, União da Vitória, Palmas, Prudentópolis, Lapa, e dezenas de outras localidades paranaenses. Mais tarde com o poder de ser o Presidente da Paraná Turismo 2015-2018, pude incluir o tema Monge João Maria, como área de interesse do Turismo Paranaense.
No Paraná, os estudos realizados, indicam a possível passagem dos Monges em 48 municípios, conforme mapeamento da Paraná Turismo.
Nesta caminhada foi criado o Dia Estadual do Monge João Maria, por minha sugestão, ao Deputado Douglas Fabrício, que foi o autor da Lei nº 10.564/2019, consagrando o dia 27 de março para preservar e cultivar em nossa memória, a importância do significado do carisma do Monge João Maria.
“Por aqui passou um Monge, que veio de longe, vida peregrina, cruzando vales e montes, abençoando fontes de água cristalina” – esta é a primeira estrofe da Cantiga para o Monge, de autoria de Hardy Guedes – CD Reparanar.
Na crença popular, as fontes nunca secam
e representam fontes de cura.
Quem foi o Monge?
Foram dois que se intitularam de Monge João Maria. O primeiro foi Giovanni D’Agostini, italiano de nascimento e estudou teologia.
O segundo apareceu no Brasil em 1886, chamava-se Anastás Marcaf, era sírio, descendente de gregos e veio pela Argentina. Esteve por mais de 40 anos no Paraná, visitando e abençoando fontes, onde até hoje são feitos batizados de recém nascidos. Chamado também de João Maria, sendo o João Maria de Santo Agostinho ou Monge João Maria de Jesus.
No Paraná Turístico a estratégia que defendo, é ampliar a oferta de oportunidades, e olhando no Mapa do Paraná, a Paraná Turismo identificou municípios que formam um mosaico, a ser trabalhando de diferentes formas, dentro da visão em proporcionar maior acesso ao turista, com as opções dos Caminhos do Monge, com foco em Turismo Cultural de Vivências.
Podemos indicar os municípios da Lapa, Tibagi, União da Vitória e Porto União-SC como ancoras de visitação, onde o motivo João Maria será enriquecido pelo Turismo de Natureza das Águas & Matas, esta base, vai inspirar o movimento para investimentos em outros municípios.
O apelo de João Maria é muito forte principalmente nos pequenos municípios. Em Campo Bonito, acontece anualmente, há sete anos, a Caminhada Internacional da Natureza. Em Santa Maria do Oeste, a Gruta junto a Igreja da Comunidade Reservado, tem a recepção aos visitantes e agora o interesse municipal é expandir com atividades educativas e culturais.
Em Tibagi – na região dos Campos Gerais, o culto a essa personalidade, é tão forte no sentimento das pessoas, que as mesmas passam de geração a geração, a memória como sendo, São João Maria de Jesus – um protetor dos enfermos e necessitados.
O município de Ponta Grossa, indutor do Turismo Regional, está dando encaminhamento à revitalização do Espaço João Maria, no Bairro de Uvaranas. O que uma vez concluído, criará o Circuito do Monge dos Campos Gerais, integrando os municípios de Tibagi, Ponta Grossa, Ventania, Castro e Piraí do Sul.
Na Lapa, o Parque Estadual do Monge, é a grande referência, pois, na Gruta Natural, viveu o primeiro Monge e que rezou missa na Igreja Católica. Mais tarde, na mesma Gruta, também viveu o segundo Monge. O local integra a Gruta com a Fonte, onde para se ter acesso, usa-se uma extensa escadaria, que dizem que foi doado por uma pessoa, como gratidão pela graça recebida. Nesse Parque, já acontece peregrinação pela fé popular, para gratidão e pedido de bençãos, como um produto do Turismo Religioso.
Em União da Vitória é muito forte o traço cultural por João Maria, no centro da cidade, em um prédio, tem-se um painel do Monge e no empreendimento turístico, Parque Histórico do Iguassu, os turistas são encantados com uma encenação teatral com a história do Monge João Maria.
Em Porto União-SC, a cidade geminada de União da Vitória, cultiva a tradição pela memória do Monge João Maria, o que pode representar a integração turística entre estados.
Tem-se assim, elementos históricos e culturais com espiritualidade e sustentabilidade pela forma despojada de viver junto a natureza pelo Monge João Maria, para inspirar uma versão da brasilidade do Caminho de Compostela, pois além do Paraná, o tema abrange os estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Em tempo de incertezas pela pandemia Covid 19, poder viajar em áreas naturais, com o estímulo da fé popular, pode vir a ser o grande momento de propagar o Patrimônio Histórico – Cultural, também no Turismo, dos Monges João Maria.
Jacó Gimennes, 68 anos, Fundador da RETUR, Presidente da Paraná Turismo (2015 a 2018), Coordenador do Instituto Prosperare, Diretor Adjunto da ABAV-PR e Incentivador da Cultura do Desenvolvimento pelo Turismo.