Carlos Cavalcanti, meritório pesquisador da arte por Adelcio Machado dos Santos
Carlos Cavalcanti, meritório pesquisador da arte, por Adelcio Machado dos Santos

Bauman – O analista da pós – modernidade

Isagogicamente, Zygmunt Bauman, sociólogo polonês nascido em 1925 e falecido em 2017, é amplamente reconhecido como um dos mais proeminentes analistas da pós-modernidade. Seu trabalho se destaca por sua profunda análise das transformações sociais, culturais e econômicas que caracterizam o mundo contemporâneo, muitas vezes descrito por ele como “modernidade líquida”. Essa metáfora da liquidez, central em sua obra, captura a fluidez, a incerteza e a instabilidade que Bauman acredita serem características distintivas da era pós-moderna.

Outrossim, Bauman iniciou sua carreira acadêmica na Polônia, mas devido às perseguições políticas e antissemitas, migrou para Israel e posteriormente para o Reino Unido, onde consolidou sua carreira na Universidade de Leeds. Sua obra abrange uma vasta gama de temas, incluindo o Holocausto, globalização, consumo, e identidade. No entanto, é sua análise da modernidade líquida que mais ressoa no entendimento contemporâneo das modificações sociais.

De outro vértice, a modernidade líquida, segundo Bauman, é marcada pela transitoriedade e pela ausência de estruturas fixas. Diferente da modernidade sólida, onde instituições como o estado-nação, a família e o emprego apresentavam certa estabilidade, a modernidade líquida é definida pela fluidez e pela flexibilidade. As relações humanas, o emprego e até mesmo a identidade pessoal são moldados pela incerteza e pela constante mudança.

Ademais, um aspecto central da modernidade líquida é a transformação das relações humanas. Bauman observa que as conexões sociais se tornaram mais frágeis e superficiais. Na era da internet e das redes sociais, as interações são muitas vezes efêmeras, guiadas por interesses momentâneos e facilmente descartáveis. Essa superficialidade das relações humanas reflete a natureza líquida da sociedade contemporânea, onde o compromisso a longo prazo é frequentemente evitado.

A par disso, Bauman critica a cultura do consumo como um pilar da modernidade líquida. Ele argumenta que a sociedade contemporânea valoriza o consumo não apenas de bens materiais, mas também de experiências e relações. Nesse contexto, o valor dos indivíduos é muitas vezes medido pela sua capacidade de consumir, e não pelo seu caráter ou contributos sociais. Essa lógica do consumismo contribui para a sensação de insegurança e precariedade, pois o status e a identidade das pessoas estão constantemente em fluxos e dependem de tendências passageiras.

Outro ponto crucial na obra de Bauman é a análise da globalização. Ele descreve a globalização como um fenômeno ambivalente que, por um lado, promete conectividade e acesso a uma multiplicidade de culturas e mercados, mas, por outro, gera desigualdade e exclusão. A mobilidade característica da modernidade líquida beneficia principalmente uma elite global que pode se mover e adaptar facilmente, enquanto a maioria da humanidade adversa insegurança e marginalização.

Por conseguinte, a metáfora da modernidade líquida também se aplica às instituições políticas e econômicas. Bauman argumenta que as tradicionais formas de governança estão em crise, incapazes de lidar com os desafios impostos pela globalização e pela tecnologia. A política torna-se um campo de incerteza, onde as antigas ideologias e partidos perdem sua relevância e surgem movimentos populistas que exploram o medo e a insegurança.

Destarte, a obra de Bauman oferece uma crítica perspicaz e muitas vezes sombria das condições contemporâneas, mas também um convite à reflexão e à busca de soluções para os desafios da modernidade líquida. Sua análise sublinha a importância de resgatar valores de solidariedade, empatia e compromisso em um mundo marcado pela fragmentação e pelo individualismo.

Em epítome, Zygmunt Bauman é um analista essencial da Pós-Modernidade, cujas ideias sobre a modernidade líquida oferecem uma lente valiosa para entender as complexidades do mundo contemporâneo.

Por final, sua obra desafia-nos a reconsiderar  prioridades e a buscar formas de construir uma sociedade mais justa e coesa em meio à fluidez e à incerteza que caracterizam a era atual.

Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos
   Jornalista (MT/SC 4155)

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