Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Crítico de Arte
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Alien – O oitavo passageiro : A demolição do devaneio

Em primeiro lugar, “Alien – O Oitavo Passageiro” (1979), dirigido por Ridley Scott, representa uma ruptura com a visão otimista e idealizada do contato com civilizações extraterrestres, estabelecida por décadas de ficção científica. Enquanto a imaginação popular frequentemente associava esse encontro com a expansão do conhecimento, a troca de saberes e a esperança de uma convivência pacífica entre espécies, Scott oferece uma abordagem radicalmente oposta.

Outrossim, no coração desse filme reside uma visão profundamente perturbadora: o encontro com o desconhecido não resulta em maravilha, mas em uma aterradora tragédia interespécies. A ficção científica, outrora marcada por fantasias de utopias galácticas, tem aqui sua inocência demolida.

De outro vértice, a nave Nostromo, tripulada por humanos, é atraída para uma lua inóspita, onde encontram uma espécie alienígena mortal. Essa criatura, que rapidamente se torna o “oitavo passageiro” a bordo, personifica o terror primitivo e incontrolável, um predador perfeito.

O filme desconstrói o devaneio de que o desconhecido pode ser domado ou compreendido, trocando a curiosidade científica por uma sensação de vulnerabilidade extrema diante de uma ameaça que transcende a razão humana. O alien, projetado por H.R. Giger, reflete o medo do estranho e do irreconciliável, de algo que não pode ser comunicado, apenas combatido. Sua biologia e comportamento representam um ciclo de parasitismo e destruição, sugerindo que o encontro entre espécies pode ser marcado pela aniquilação ao invés da cooperação.

Por conseguinte, a metáfora subjacente no filme é clara: o espaço não é um lugar de exploração promissora, mas um vasto campo de isolamento e perigo. Ao contrário de obras anteriores que exploram o contato com seres extraterrestres como uma extensão das possibilidades humanas de compreensão e coexistência, “Alien” destrói esse sonho de forma brutal. O devaneio de encontrar vida além da Terra é transmutado em um pesadelo de sobrevivência primitiva. A tripulação da Nostromo não está diante de uma civilização avançada ou de um intelecto alienígena com quem possa negociar, mas sim de uma força biológica brutal, que apenas mata e se multiplica.

Tal desmoronamento da utopia espacial reflete um pessimismo pós-moderno, que reverbera com as ansiedades da época: o medo do desconhecido, o colapso das utopias, a fragilidade humana diante da natureza indomável e a impotência perante forças incontroláveis. “Alien – O Oitavo Passageiro” torna-se, assim, uma obra fundamental para o gênero de ficção científica e horror, pois não apenas questiona, mas aniquila as concepções otimistas sobre o espaço e o futuro.

Em suma, o filme de Ridley Scott não apenas demole o devaneio do contato maravilhosamente positivo com o alienígena, mas configura uma narrativa onde a única certeza é a luta pela sobrevivência diante do incompreensível. O resultado se configura em visão trágica e aterradora de como a interação interespécies pode ser, não um avanço, mas uma tragédia.

Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos
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