Abstracionismo e figurativismo – Os polos da pintura na modernidade

Em primeiro lugar, a Modernidade trouxe consigo uma transformação profunda na Pintura, marcando um período de experimentação e inovação que desafiou as convenções tradicionais da representação pictórica. Dois dos principais polos que emergiram nesse contexto foram o abstracionismo e o figurativismo, cada um com abordagens distintas sobre a expressão artística e a representação da realidade.

Outro assim,  abstracionismo, que amelhou destaque no início do século XX, rejeita a representação direta de objetos reconhecíveis do mundo físico. Ao invés disso, busca expressar ideias, emoções e estados de espírito através de formas, cores e linhas. Pioneiros como Wassily Kandinsky, Piet Mondrian e Kazimir Malevich exploraram essa vertente, acreditando que a arte deveria transcender a imitação da natureza e se concentrar em uma linguagem visual pura. Kandinsky, por exemplo, via a cor como um meio de comunicação direta com a alma, enquanto Mondrian desenvolveu seu estilo Neoplasticista, utilizando linhas retas e cores primárias para alcançar uma harmonia universal.

Em contraste, o figurativismo manteve um compromisso com a representação da figura humana e do mundo natural, embora muitas vezes de maneira estilizada ou subjetiva. Mesmo em meio à explosão de estilos modernistas, artistas figurativos encontraram maneiras de reinventar a forma humana e a paisagem, mantendo um elo com a tradição enquanto incorporavam novas técnicas e perspectivas. Pablo Picasso, apesar de ser conhecido por sua fase cubista, sempre manteve um interesse pela figuração, reinterpretando-a de maneiras inovadoras e multifacetadas. Outros artistas, como Edward Hopper e Frida Kahlo, usaram o figurativismo para explorar temas existenciais e pessoais, oferecendo uma janela para o mundo interior do indivíduo.

Por conseguinte, a tensão entre abstracionismo e figurativismo refletia não apenas uma divergência estética, mas também filosófica. Enquanto os abstracionistas buscavam uma forma de arte universal e atemporal, os figurativistas estavam mais interessados nas particularidades da experiência humana. Essa dualidade continuou a evoluir ao longo do século XX, com movimentos como o expressionismo abstrato de Jackson Pollock e Mark Rothko nos Estados Unidos, que ampliaram os limite do abstracionismo, e o retorno à figuração na Pop Art de Andy Warhol e Roy Lichtenstein, que recontextualizaram imagens da cultura de massa.

Nos dias de hoje, a dicotomia entre abstracionismo e figurativismo continua a influenciar a produção artística, com muitos artistas contemporâneos explorando a interseção entre os dois polos. A arte digital, por exemplo, frequentemente mistura elementos abstratos e figurativos, criando novas formas de expressão que refletem a complexidade da experiência moderna.  

  Ademais disso, a globalização e a interculturalidade trouxeram novas perspectivas e técnicas que enriquecem esse diálogo contínuo entre abstração e figuração.

Em epítome, o abstracionismo e o figurativismo representam os extremos da Pintura na Modernidade, cada um com suas próprias filosofias e abordagens estéticas. Ambos contribuíram de maneira significativa para a evolução da arte moderna, desafiando os limites da expressão visual e oferecendo novas maneiras de compreender e representar a realidade.

Por final, por meio das formas puras e cores vibrantes do abstracionismo, ou das interpretações subjetivas e estilizadas da figuração, esses polos continuam a inspirar e provocar reflexões sobre a Pintura.

Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos
   Jornalista (MT/SC 4155)