A estiagem que atinge o sul do Brasil afeta a produção e a produtividade das lavouras de milho e de soja. Para Santa Catarina, maior importador de milho do País, a seca pode agravar o abastecimento das cadeias de aves e suínos.
Levantamento preliminar da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) aponta que a metade sul do território barriga-verde – considerando a BR-282 como linha divisória – foi a mais afetada.
O vice-presidente Enori Barbieri acionou os Sindicatos Rurais filiados à FAESC para obter um quadro atualizado da situação. Uma faixa territorial do lado catarinense do Vale do Rio Uruguai, desde Itapiranga até os campos de Lages, está comprometida. O milho retido na propriedade para nutrição do gado leiteiro (milho-silagem) teve redução de 40%, o que certamente impactará a produção de lácteos.
Grande produtora de grãos, a região do meio oeste foi muito prejudicada. Em Campos Novos, 18% dos 55.000 hectares de soja, 15% dos 12.000 hectares de milho e 12% dos 5.000 hectares de feijão foram perdidos. O município já contabiliza R$ 45 milhões em prejuízos econômicos. No oeste e extremo oeste as perdas situam-se em 30%
Já havia uma previsão de insuficiência de milho em decorrência de fatores naturais (seca em outros Estados, queimadas, atraso no plantio e redução de área cultivada) e econômicos (aumento das exportações do grão em face da situação cambial favorável). Agora, com a extensão da estiagem, agrava-se o quadro de abastecimento.
Barbieri assinala que é crucial encontrar novas fontes de abastecimento interno, observando que o preço da commodittie registra elevação consistente no mercado brasileiro.
O presidente da FAESC José Zeferino Pedrozo – que também é vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) – avalia que a saída será ampliar as importações de milho da Argentina e do Paraguai. Além disso, deve prosperar a chamada Rota do Milho que ligará o oeste catarinense com a região produtora do Paraguai. Esse país-membro do Mercosul situa-se muito próximo do grande oeste de Santa Catarina, produz 5,5 milhões de toneladas, mas pode chegar a 15 milhões com o estímulo das importações brasileiras.
Em resumo: a Faesc prevê que deve faltar milho ainda neste primeiro semestre. “O cenário é preocupante porque, da demanda total, 96% destinam-se à nutrição animal, principalmente dos plantéis de aves e suínos”, expõe o dirigente.
O mercado interno ficará dependente da segunda safra (a “safrinha”), a ser colhida em julho, que responde por 70% da produção total de milho. A safra dependerá totalmente do clima e, se as chuvas não forem suficientes, o quadro de oferta e demanda ficará extremamente desequilibrado. A agroindústria espera que a segunda safra de milho garanta o abastecimento no segundo semestre, regularizando o cenário de oferta.
Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional