A escassez de recursos humanos no campo é um novo desafio
A taxa de desemprego está baixa em algumas regiões brasileiras, como o sul, o sudeste e o centro-oeste. Em alguns setores – como agroindústria, construção civil, saúde, serviços e tecnologia da informação e comunicação – a carência de recursos humanos é atroz. No transporte rodoviário, por exemplo, as empresas relatam que estão com 30% de vagas em aberto por absoluta falta de motoristas.
Há, entretanto, um setor em que a situação é muito preocupante em razão do seu caráter essencial para a segurança alimentar da Nação: a agropecuária. De fato, no setor primário da economia há uma crônica escassez de mão-de-obra.
Há algum tempo atribuía-se ao êxodo rural a gênese desse problema, mas esse fenômeno foi relativamente atenuado nas últimas décadas com a profissionalização das atividades agrícolas e pecuárias.
Ocorre que surgiram muitas vagas no campo porque foram realizados pesados investimentos pelas cooperativas e agroindústrias que converteram milhões de reais em sofisticadas unidades de produção, como frigoríficos, granjas de matrizes de aves e suínos, unidades produtoras de leitões, centrais de disseminação de genes, pontos de coletas de leite cru, agroindústrias familiares rurais, além da modernização dos estabelecimentos rurais destinados a cultura de milho, soja, feijão e pecuária de corte, entre outros.
Assim, faltam milhares de trabalhadores para tocar essas unidades produtivas, bem como faltam milhares de produtores/empresários rurais para administrar estabelecimentos rurais.
Provavelmente não surgirão de forma espontânea novas gerações de agricultores/produtores rurais nas comunidades agrícolas. Mas essa formação – que requer vontade e vocação – pode ser plasmada em cursos profissionalizantes. Trata-se de um agente econômico muito particular, visto que a agropecuária é uma atividade complexa que requer conhecimento e prática em agronomia, veterinária, biologia, administração etc. O País depende dessa área essencial para ter paz social e crescimento.
Tornou-se inevitável e necessário atrair o público urbano, cativando as pessoas para trabalhar em ambiente rural, operando máquinas e equipamentos, cuidando de ativos biológicos. Enfim, vivendo na amplitude das atividades rurais e trabalhando com dignidade, conforto e segurança.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) atua para enfrentar essa séria e preocupante deficiência e oferece qualificação de alto nível para os produtores rurais que estão na atividade e para os interessados em ingressar. Eles atingem eficiência gerencial e sucesso empresarial em face dos cursos e treinamentos que recebem.
Quem está na atividade recebe intensa qualificação, mas a questão principal é o número de atores do universo rural que precisa crescer. A situação é tão preocupante que algumas agroindústrias já recrutam imigrantes nas suas regiões de origem para equacionar esse problema.
Essa situação reforça a necessidade de políticas públicas de permanente apoio ao universo rural brasileiro, especialmente na infraestruturação do campo para que as condições de vida, trabalho e produção sejam as melhores possíveis.
A escassez de recursos humanos no campo é uma pauta de interesse nacional porque esse apagão de mão de obra pode travar o desenvolvimento nacional. É um novo desafio para o campo.
Fonte: MB Comunicação