A agricultura brasileira é pauta imprescindível nos planos econômicos dos candidatos às eleições presidenciais deste ano. Há uma ênfase especial, neste ano, por conta de uma série de fatores que deixaram o mundo em alerta na questão da produção de alimentos. Graves intempéries ocorrem em todos os continentes – no Brasil, inclusive – afetando a produção e ameaçando agudizar o drama da fome que já vergasta milhões de pessoas.
Expressão máxima do setor primário da economia, a agricultura e a agroindústria – o agronegócio como um todo – tornou-se um setor avançado, de intenso emprego de tecnologia, de contínuo aumento da produção e da produtividade e de forte protagonismo na balança comercial do País, onde produz um extraordinário superávit superior a 100 bilhões de dólares por ano.
Entretanto, por ser um setor sensível e vulnerável (a agricultura é uma indústria a céu aberto), necessita de políticas específicas de apoio e proteção a fim de que possa cumprir com seu desiderato de proporcionar a segurança alimentar que o País necessita – e sem a qual pode até entrar em convulsão social.
Graças à pujança da agricultura verde-amarela, o brasileiro consome, de regra, alimentos a custos acessíveis, mas essa relação se altera quando o mercado fica à mercê de disfunções que causam inflação no preço desses alimentos. E as causas são múltiplas: estiagens prolongadas ou excesso de chuvas, pragas, doenças nas lavouras, epizootias nos rebanhos, escassez de insumos (fertilizantes, sementes), barreiras alfandegárias e não alfandegárias no comércio mundial, políticas tributárias dos Estados, guerras etc.
Recentemente, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apontou fatores que impactam na segurança alimentar. O aumento da eficiência da agricultura depende de inovações tecnológicas que a Embrapa, as agroindústrias e as universidades geram e disponibilizam. Uma política pública pode tornar essas tecnologias acessíveis e, assim, elevar a produtividade.
Aperfeiçoar os insumos é outro reflexo. Preservar a sanidade é prioridade absoluta, eis que o Brasil permanece livre das doenças que devastaram imensos plantéis em outros países. O crescente emprego da irrigação também deve ser estimulado. O uso de tecnologia exige o aumento da conectividade no campo. Máquinas e equipamentos da agricultura de alta precisão requerem internet e comunicação satelital de qualidade. Em Santa Catarina, onde o agro responde por 70% das exportações, estamos avançando nessa área.
Ampliar a produção nacional de fertilizantes é outra meta urgente que se impõe para reduzir nossa preocupante dependência externa, como revelou o conflito militar Rússia/Ucrânia. O pesado custo-Brasil, que transferiu para outros países muitas atividades industriais, precisa ser revisto e estímulos vigorosos para viabilizar projetos de novas fábricas de fertilizantes devem ganhar prioridade.
Condicionantes externos também impactam na segurança alimentar, como a logística e a infraestrutura de transportes. Rodovias federais e estaduais em mal estado de conservação, a falta de ferrovias e hidrovias e, ainda, a insuficiência de portos, armazéns, aeroportos encarecem a operação de transferência da produção aos centros de consumo e aos pontos de embarque para o exterior. É um custo que anula parte da competitividade do produto brasileiro no mercado mundial.
No plano internacional, a diplomacia oficial deve cooperar com o esforço de abertura de novos mercados, com a competente discussão de novos acordos, promoção comercial, fortalecimento da imagem do setor – enfim, com a defesa do agro brasileiro no planeta.
Do ponto de vista do consumo, é conveniente aumentar a eficiência dos programas sociais e criar mecanismos de reinserção das famílias no mercado de trabalho, assegurando-lhes as condições para o acesso regular ao consumo de alimentos.
A condição de segurança alimentar é uma conquista coletiva. O agro está fazendo a sua parte.
Fonte: MB Comunicação
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