Em evento virtual da FAESC, superintendente de Relações Internacionais da CNA aponta seis produtos com maior potencial para elevar exportações no País. Cinco deles são produzidos no Estado
O Brasil exporta 7,2% da sua produção agrícola e tem no agronegócio a maior fatia de contribuição na balança comercial. Apenas seis produtos foram responsáveis por 61% das exportações em 2019 e movimentaram US$ 59 bilhões: o País é o maior exportador de soja (26,9%), milho (7,5%), celulose (7,7%), carne de frango (6,8), carne bovina (6,7%) e farelo de soja (6%). Apesar do mercado sólido, há espaço, potencial e demanda para o setor produtivo brasileiro ampliar sua participação no mercado externo. A afirmação é da superintendente de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Lígia Dutra Silva,que palestrou para mais de 100 técnicos, lideranças sindicais e produtores rurais de Santa Catarina, em Webinar promovida nesta sexta-feira (28) pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC).
O evento virtual foi mediado pelo presidente da FAESC, José Zeferino Pedrozo, e contou com a participação de dirigentes sindicais de todas as regiões do Estado. O objetivo foi atualizar o setor sobre as projeções e os desafios do agronegócio para aumentar a participação do Brasil e do Estado no comércio exterior.
“Se o Estado exportar 10% da produção de cada cadeia fica mais fácil superar as crises e eventuais dificuldades econômicas que surgirem”, projeta Pedrozo, respaldado pelos números do setor neste primeiro semestre do ano, marcado pela pandemia. Enquanto as exportações dos demais setores caíram no período, o agro brasileiro exportou 9% a mais que em 2019, fechou em US$ 71 bilhões, com superávit de US$ 54 bilhões. Em 2019, a balança comercial do setor fechou com US$ 96,7 bilhões, com superávit de US$ 83 bilhões.
“No mundo todo, a média de contração neste ano é de 10%, em virtude da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que reduziu o comércio entre os países. O agronegócio brasileiro vem na contramão deste cenário e registra crescimento, pelo fato de o País ser o maior produtor de alimentos do mundo e por ter cumprido contratos no período, o que transmitiu confiança ao mercado”, detalha Lígia.
É PRECISO EXPORTAR MAIS
A superintendente da CNA grifou a necessidade de ampliação das exportações nacionais para fortalecer a economia, meta almejada também por Santa Catarina. Por meio do programa AgroBrasil, a CNA está mapeando e capacitando pequenos e médios produtores de todo País, além de cooperativas para gerar negócios para exportação. Já são quase 400 inscritos em todas as regiões.
Atualmente, o Brasil exporta para mais de 190 países, com destaque para China, Estados Unidos, União Europeia, Irã e Japão, os quais concentram 62% das exportações brasileiras – US$ 60,4 bilhões. Porém, segundo Lígia, há mais espaço para alcançar os países islâmicos, a Nova Zelândia e potencial para ampliar a fatia conquistada nestes comércios, especialmente com a União Europeia e o Irã. “A União Europeia exporta 14% do que produz no agro, é o dobro do Brasil. Olha o mercado que estamos perdendo”, analisa Lígia.
Para alcançar esta meta, a CNA elencou seis cadeias prioritárias com maior potencial para ampliar a exportação: aquicultura e pesca, flores, frutas e hortaliças, cafés especiais, lácteos e mel. “O Brasil pode crescer, principalmente, com pequenos e médios produtores, por meio das cooperativas, um grande diferencial de Santa Catarina. É esse associativismo que vai viabilizar a ampliação do mercado, porque juntos diminuímos custos e riscos, enquanto aumentamos nossa capacidade produtiva. É muito difícil o produtor assumir sozinho o protagonismo”, sublinha a especialista.
Entre os desafios do setor, conforme Lígia, estão a simplificação e a redução das tarifas, melhorias na infraestrutura, além da necessidade de acordos comerciais com os demais países. “Hoje o Brasil não tem nenhum acordo comercial, nem com os principais mercados. Apenas fechou com a União Europeia, mas ainda não está em vigor. Isso é fundamental para ampliarmos mercado”.
O presidente da FAESC ressaltou o potencial catarinense, especialmente nas cadeias de lácteos, maricultura, mel e frutas. O Estado é o maior produtor nacional de ostras (Florianópolis) e de maçã (São Joaquim), tem o melhor mel do mundo, além de ser o quarto maior produtor de leite no Brasil.
“Estamos criando esta cultura junto aos produtores para sermos um grande exportador de leite, atingindo a mesma performance da suinocultura e da avicultura no Estado. Para isso, a cadeia precisa ser mais competitiva. Da mesma forma, temos grande potencial para iniciarmos a exportação de ostras e moluscos no litoral, de maçã na serra e ampliarmos o mercado do mel que hoje está concentrado em duas empresas. O esforço dos produtores não pode ser em vão”, enfatiza Pedrozo.
“Santa Catarina tem um diferencial incrível, com grandes possibilidades de trazer mais produtos e mais produtores para a exportação, o que aumentará a sua competitividade. Só precisa de estratégia, organização e planejamento”, acrescenta Lígia.
MERCADO
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro fechou 2019 em R$ 1,55 trilhão, o que corresponde a 21,4% do PIB nacional, 43% das exportações e 32% dos empregos. Só no mês de julho, metade da exportação brasileira foi do agronegócio. Em Santa Catarina, o setor fechou 2019 com recorde e superou 70% do total de produtos exportados no primeiro semestre deste ano.
Fonte: MB Comunicação