Em 15 anos, área plantada foi reduzida no Estado e alcançou 330 mil hectares de lavouras no ano passado
Em 15 anos, área plantada foi reduzida no Estado e alcançou 330 mil hectares de lavouras no ano passado

Aumentar a produção de milho é desafio e prioridade em Santa Catarina

O Brasil está vivendo novamente um período de escassez na oferta de milho e, por consequência, de preços superaquecidos. A situação é confortável para o produtor de milho, mas preocupa sobremaneira os criadores de aves e suínos e os pequenos frigoríficos que não exportam.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), José Zeferino Pedrozo, deixa bem claro que a entidade defende os produtores rurais. A Federação estimula o aumento da produção de milho para reduzir o enorme déficit de Santa Catarina, mas entende que está havendo clara preferência pela soja em razão de custos de produção menores e preços remunerativos melhores.

Presidente da FAESC, José Zeferino Pedrozo

Não há previsão de que os preços recuem nos próximos meses porque o cenário é mais de escassez do que de especulação.  Por isso, é preciso uma política especial de estímulo à produção de milho com participação do governo e das próprias agroindústrias. Ao mesmo tempo é necessário criar linha de crédito para que os consumidores de milho (especialmente avicultores e suinocultores) tenham acesso a esse insumo antes que ele se torne inacessível.

Santa Catarina possui o mais avançado parque agroindustrial do Brasil, representado pelas avançadas cadeias produtivas da avicultura e da suinocultura. Essa fabulosa estrutura gera uma riqueza econômica de mais de 1 bilhão de aves e 12 milhões de suínos por ano, sustenta mais de 150 mil empregos diretos e indiretos e gera bilhões de reais em movimento econômico.

O principal insumo que fomenta essa megaestrutura é o milho. De tempo em tempos as agroindústrias e os criadores de aves e suínos são abalados pela escassez de milho, ou por questões climáticas, ou sanitárias ou mercadológicas. Em razão dos gigantescos volumes necessários e dos preços que o grão atinge, muitas operações são inviabilizadas no campo e na cidade, e muitas indústrias vão à bancarrota.

Nesse momento, todos esses fatores se associaram para criar uma situação de escassez e de preços altos. Santa Catarina necessita pelo menos de 7 milhões de toneladas para alimentar sua agroindústria e a produção interna seria de 2,7 milhões de toneladas. Seria, porque seca, excesso de chuvas e praga baixaram essa previsão para 1,7 milhão de toneladas.

Dessa forma, o grão ficou caro e escasso, portanto, com preço em contínua ascensão: mais de R$ 85,00 a saca de 60 kg. A situação somente irá melhorar no segundo semestre, com a entrada da safrinha.

Pedrozo mostra que o milho escasso e caro também cria percalços para outros setores do agronegócio. Os próprios produtores de leite, em face da insuficiência do milho-silagem, sentiram o aumento de custos na aquisição de milho comercial. Da mesma forma, os confinadores de gado bovino de corte, que empregam milho na fase final de engorda, praticamente encerraram essa modalidade de manejo. Até os produtores de ovos sentiram os efeitos. Enfim, o insumo milho afeta as principais cadeias do agro.

Embora seja tão essencial, a cultura do milho está encolhendo em território catarinense. Em 2005, 106 mil produtores rurais cultivavam 800 mil hectares. Nesses 15 anos, a área plantada foi se reduzindo paulatinamente e, em 2020, foram cultivados 330 mil hectares de lavouras.

A safra nacional de milho que já está sendo colhida deve render 20 milhões de toneladas. Isso indica que faltará milho já neste primeiro semestre no mercado brasileiro e essa situação deve se manter até a entrada da safrinha que ainda não foi plantada e que deve (pode) gerar 80 milhões de toneladas a partir de julho/agosto.

Parece que tudo conspira para a escassez de milho no mercado doméstico. Várias usinas de etanol de milho entram em funcionamento do Brasil central, este ano, enxugando mais de 5 milhões de toneladas. O câmbio estimula as exportações. A produção global prevista em 1,1 bilhão de toneladas deve cair 30 milhões. O consumo é crescente em todos os continentes.

A indústria e os criadores enfrentaram com sucesso esse quadro, no ano passado, somente porque as exportações sustentaram excelentes preços, mas essa situação não se perpetuará. Quando as exportações recuarem em volume ou em preços, o câmbio mudar e a Selic subir, ficará insustentável transformar proteína vegetal em proteína animal com os atuais preços do milho e do farelo de soja.

EQUILÍBRIO E ESTÍMULO

A FAESC defende o equilíbrio da cadeia produtiva de forma que PRODUTOR e INDÚSTRIA tenham ganhos compatíveis e que o CONSUMIDOR possa comprar os alimentos, obtendo sustentabilidade econômica e perenidade social.  O agronegócio catarinense articula várias iniciativas para reverter o quadro do superencarecimento de milho que afeta as maiores cadeias produtivas e ameaça causar pesados e irreversíveis prejuízos à avicultura e à suinocultura industrial.

Insumo escasso representa encarecimento para os produtores rurais e para as agroindústrias e gera um “efeito dominó” porque, por via de consequência, os alimentos (especialmente a carne) tornam-se mais caros para o consumidor.

José Zeferino Pedrozo enfatiza que é preciso perseverar na busca da autossuficiência catarinense, mas isso exige uma robusta política de apoio ao setor com várias frentes. Uma delas é a criação de uma linha de crédito para que os consumidores de milho (sejam criadores de aves e suínos ou agroindústrias) se abasteçam do produto. Da mesma forma, é necessário criar uma linha de crédito de longo prazo para financiar a construção de armazéns dotados de secadores e, também, a irrigação das lavouras. Só então teremos produtividade e estoques reguladores, podendo, assim, prevenir essas cíclicas e devastadoras crises de encarecimento do cereal-rei.

O presidente da FAESC aponta que o governo e o setor produtivo tentam diminuir a dependência externa. Para estimular a produção de milho e o aumento geral da produtividade nas lavouras, o Governo do Estado lançou, neste mês, o Programa Terra Boa 2021 com mais recursos e tecnologias à disposição dos produtores rurais de Santa Catarina.  Em sua nova edição, a iniciativa terá R$ 56,5 milhões para apoiar a aquisição de sementes de milho, calcário e kits para melhoria de pastagens e do solo, além do incentivo à apicultura e à meliponicultura. Em 2021, o Terra Boa incentivará a aquisição de 200 mil sacas de milho; 300 mil toneladas de calcário; 3 mil kits forrageira; 500 kits apicultura e mil kits solo saudável. O Programa terá R$ 5 milhões a mais de recursos e o Governo do Estado pretende ampliar o número de beneficiários. No último ano, foram mais de 70 mil famílias rurais atendidas.

Um dos grandes objetivos do Terra Boa é incentivar a produção de milho em Santa Catarina e, assim, diminuir a dependência externa. Boa parte desse milho fica nas propriedades rurais e se destina a silagem, sendo consumido pelo gado leiteiro. O Programa é umas das políticas públicas mais tradicionais para o meio rural de Santa Catarina e é implementado em convênio com a Fecoagro.

Fonte: MB comunicação

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