Necessidade da diversificação de cultivares na cadeia produtiva da maçã no Brasil é o título de um artigo publicado na mais recente edição da revista Agropecuária Catarinense, publicação científica editada pela Epagri. O conteúdo discorre sobre questões ligadas à concentração de cultivo das maçãs Gala e Fuji no Brasil, o que redunda em problemas que envolvem questões práticas desta cadeia produtiva, como período de colheita, por exemplo.
O artigo é assinado pelo pesquisador da Epagri/Ciram, Gabriel Berenhauser Leite, e pelos pesquisadores Marcus Vinicius Kvitschal e Marcelo Couto, da Estação Experimental da Epagri em Caçador. Os autores expõem que, atualmente, cerca de 95% da maçã produzida no país provém dos cultivares Gala e Fuji e seus mutantes. “Isso tem provocado diversos problemas no meio produtivo, como concentração de colheita, necessidade de mão de obra em apenas duas épocas e aumento do custo de produção, por exemplo”, relata o documento.
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O Brasil produz pouco mais de um milhão de toneladas de maçãs por ano, em média. Quase toda essa produção é concentrada nos três estados da Região Sul. Mas nas últimas décadas o sistema produtivo sofreu um drástico estreitamento na base genética dos seus cultivos. Além dos riscos crônicos inerentes à vulnerabilidade genética da espécie, os cultivares Gala e Fuji sofrem com a falta de adaptação climática à maioria das regiões produtoras de maçãs. O artigo afirma que nem mesmo o uso de tecnologia garante solução para essa questão.
“A logística de uso da mão de obra, que representa um pouco mais de 50% do custo total de produção, também é um grave problema que afeta essa cadeia produtiva”, alerta o artigo. Os autores relatam que, gradualmente, a disponibilidade de mão de obra para fruticultura tem se tornado escassa, desqualificada e com custo elevado.
O artigo está subdivido em seções que tratam do cenário atual da cadeia produtiva e as suas dificuldades, cultivares disponíveis, necessidade de mudanças de cenários no setor da maçã do país, e visão de futuro.
20 cultivares disponíveis
A Epagri é a única instituição no Brasil que faz melhoramento genético de macieira. Esse trabalho já colocou à disposição dos fruticultores 20 cultivares de maçã de alta qualidade, adaptados ao nosso clima, resistentes a doenças e com alta produtividade. Os cultivares Luiza, Venice e Isadora, desenvolvidos pela Empresa, estão sendo comercializados no mundo sob a marca SAMBÓA.
A Empresa também desenvolve e difunde uma série de tecnologias de produção, manejo de pomares, combate a doenças e tecnologia de armazenagem dos frutos com qualidade, cujos trabalhos são essenciais para garantir que o Brasil seja um dos maiores produtores de maçã do mundo, mesmo sob condições de clima tropical a subtropical.
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Fonte: Epagri