Agrotóxicos fazem mal à saúde?
Agrotóxicos fazem mal à saúde?

Agrotóxicos fazem mal à saúde?

Os agrotóxicos realmente fazem mal à saúde? A segurança no consumo de agrotóxico é uma preocupação de todos e deve ser esclarecida.

É muito comum ouvirmos as pessoas falarem que os alimentos que consumimos recebem quantidades excessivas de agrotóxicos e que estamos sendo “envenenados” com esses produtos.

Sem dúvida a nossa preocupação é legítima, afinal, os agrotóxicos são produtos utilizados para reduzir ou eliminar pragas na lavoura e, para isso, contém em sua composição substâncias capazes de exercer essa função.

Mas temos que ter em mente, que até chegar às nossas mesas, alimentos que receberam essas substâncias, já estarão livres de possíveis resíduos provenientes da aplicação no campo ou, caso contenham resíduos, estarão em quantidades incapazes de causar danos à saúde de quem os consome.

É importante saber ainda que, nem todos os produtos que são utilizados na lavoura e chamados de agrotóxicos são necessariamente tóxicos. Conforme definido pela legislação, que os regulamenta, eles contemplam uma gama de produtos muito mais ampla do que imaginamos:

“Agrotóxicos são os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos.”

Conforme esclarecido pela própria legislação, microrganismos ou insetos, por exemplo, que são utilizados no controle biológico, são considerados agrotóxicos.

Tudo isso porque esses produtos são submetidos a estudos toxicológicos antes de serem liberados para a utilização na agricultura, ainda que não sejam necessariamente tóxicos.  Mesmo assim, há uma preocupação com a segurança de tudo o que é utilizado nas lavouras.

Podemos considerar que, independentemente da natureza do produto, sua aprovação para utilização na agricultura depende de uma série de requisitos e cuidados que os classificam como seguros para nosso consumo e para quem os manuseia no campo.

Um rigoroso processo de desenvolvimento para nos proteger

Em paralelo à pesquisa e ao desenvolvimento, a regulamentação dos defensivos químicos vem se tornando mais complexa. A exigência de dados e estudos que demonstrem segurança ao homem e ao meio ambiente está cada vez maior, o que coloca esses produtos entre as substâncias mais regulamentadas do mundo.

No que diz respeito à saúde humana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) realiza testes toxicológicos que contemplam diversos estudos em laboratório para medir o potencial tóxico do produto.

São avaliações que incluem os efeitos de intoxicações agudas e crônicas, o potencial cancerígeno, mutagênico e teratogênico e os impactos no sistema endócrino.

Quando se revelam perigosos para a saúde humana ou apresentam características de carcinogenicidade, mutagenicidade ou teratogenicidade, a obtenção de registro desses produtos é proibida.

Além das normas estabelecidas há anos pelos órgãos federais responsáveis pelos setores de agricultura, saúde e meio ambiente, em 2019, a ANVISA aprovou a classificação toxicológica para os defensivos agrícolas seguindo o mesmo padrão do GHS (Globally Harmonized System of Classification and Labelling of Chemicals), um sistema desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Essa ferramenta visa promover a padronização das normas alinhando-as às regras internacionais para defensivos agrícolas de origens química e biológica.

Limite máximo de resíduo permitido garante a segurança do alimento

Dependendo da composição do agrotóxico, assim como da forma pela qual ele é aplicado, é possível que contenha resíduos desse produto nos alimentos.

No entanto, há um limite máximo de resíduo permitido (LMR), baseado em estudos e determinado pela ANVISA, em que se pode consumir o alimento com segurança, sem que haja risco para a saúde.

O LMR é um índice estabelecido de forma extremamente conservadora e calculado através de estudos de resíduos. É a quantidade máxima da substância química que pode ser encontrada no alimento após ter sido tratado com a máxima dose recomendada na bula de cada produto.

Essa quantidade máxima do LMR é calculada após se identificar a dose segura que não apresenta efeito à saúde.

A ela se aplica um coeficiente de segurança 100 vezes maior de proteção da dose considerada segura encontrada nos estudos toxicológicos. Isso traz mais segurança no uso do produto, considerando as possíveis situações reais de exposição.

Além dessas determinações, há o Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Produtos de Origem Vegetal (PNCRC), um programa que monitora e fiscaliza os resíduos de defensivos agrícolas e de contaminantes químicos e biológicos em produtos de origem vegetal nacionais e importados.

De acordo com o último relatório do PNCRC, 89% das amostras de 37 produtos de origem vegetal, analisadas estão dentro do nível de conformidade, estabelecido no país, mostrando que os vegetais comercializados no Brasil são seguros para o consumo.

Rastreabilidade e segurança

A pressão pela busca de alimentos com menos resíduos, seja por exigência do mercado externo ou dos consumidores brasileiros, fez com que sistemas de rastreabilidade fossem implantados de modo a acompanhar o alimento durante toda a sua trajetória, desde a produção até o consumo final.

Rastreabilidade de alimentos é uma forma de conhecer a origem dos alimentos que consumimos. Com ela, é possível entender o histórico da produção, contemplando todas as etapas do processo.

A rastreabilidade revela ao consumidor as práticas associadas ao manejo do alimento. Em outras palavras, nos mostra os detalhes de um processo que inicia muito antes do plantio e que só termina, quando chega ao nosso prato.

A rastreabilidade existe como uma ferramenta que traz todas as informações aos consumidores. E, com posse dessas informações é possível decidir se queremos consumir ou não aquele alimento.

Para países exportadores de alimentos frescos (como as frutas, verduras e legumes), esse controle é exigido desde 2005. Por exemplo, todos os produtos agrícolas exportados para o mercado europeu precisam ter rastreabilidade.

Já no setor agrícola brasileiro, a implementação desse sistema teve início em 2018 quando foi aprovada a Instrução Normativa Conjunta n°2/2018.

Cuidados no campo são necessários

Quando um agrotóxico é aprovado para uso na agricultura, a forma de aplicação do defensivo é disponibilizada na bula do produto formulado, estabelecendo a base para as Boas Práticas Agronômicas (BPA) do produto comercializado.

Embora vários estudos atestem o nível de segurança para aplicadores desses produtos, todo cuidado é pouco na hora de manuseá-los e uma série de procedimentos deve ser seguida.

Ao mesmo tempo que muitas pessoas acabam tendo preocupações excessivas na hora de consumir um alimento que possa conter resíduos de agrotóxicos, existem aquelas que negligenciam os cuidados necessários no manuseio desses produtos.

E, dependendo do nível de toxicidade de qualquer substância, quanto mais expostos ficamos, mais corremos os riscos sofrer reações que eles possam desencadear.

Para facilitar nos cuidados a serem tomados na utilização desses produtos o GHS determina cinco as categorias de classificação toxicológicas, além de incluir uma categoria ‘não classificada’ apropriado para alguns produtos de origem biológica.

Dessa forma, as cores das faixas se adequaram às categorias de classificação, que podem ser verificadas abaixo:

Com a publicação do Decreto nº 10.833 em 2021 passou a ser exigido um registro de aplicadores de agrotóxicos. A regulamentação visa facilitar a implantação de programas de saúde e educação sobre o uso correto desses defensivos.

É uma medida de extrema importância para aumentar a conscientização sobre os riscos e instruir sobre seu uso correto e adequado.

É sempre amparado no desenvolvimento de produtos mais inovadores, mas mantendo a segurança como prioridade, que devemos considerar o uso dos agrotóxicos.

Equilíbrio e conhecimento devem compor a nossa dieta

Quando pensamos somente nos resíduos dos agrotóxicos e nos possíveis riscos de consumi-los, acabamos nos esquecendo dos benefícios que esses produtos podem nos trazer.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), entre 20 e 40% de toda a produção mundial é perdida pelo ataque de pragas e doenças.

Por isso, a utilização de defensivos químicos é crucial para o controle dessas ameaças, eles são usados em todo o mundo e aumentam o rendimento das culturas, além de melhorar a qualidade dos produtos.

Além disso, nem sempre aqueles alimentos que acreditamos ser saudáveis devido à presença ou ausência de um determinado componente químico deve determinar o que devemos ou não consumir para mantermos uma dieta equilibrada e adequada ao nosso organismo.

Saúde e equilíbrio vão muito além do processo de produção de alimentos no campo. Sendo assim, cabe a nós ter consciência do quão variada e completa deve ser nossa dieta para que tenhamos maior qualidade de vida.

Um estudo divulgado pela American Heart Association (AHA) em 2021 recomenda que sejam consumidas, pelo menos cinco dias na semana, cinco porções diárias de frutas e hortaliças. De acordo com a pesquisa, essa quantidade oferece maior benefício em termos de prevenção de doenças crônicas e está associada à redução de mortalidade.

Tudo isso revela ainda mais a importância no controle de pragas na agricultura e, consequente redução de perdas na produção de alimentos. Devemos considerar os benefícios que os agrotóxicos nos trazem e ter consciência do rigoroso processo de estudos que envolvem segurança ao qual são submetidos.

Fonte: CropLife Brasil

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