Os fatores humano e tecnológico aplicados têm participação crescente nas últimas décadas. Desde o melhoramento genético, à agricultura de precisão, as ações visam diminuir os impactos do clima, pragas e doenças na produção agropecuária.
O prognóstico de safra é pautado em uma expectativa do rendimento, calculada em função do histórico e intensidade do uso dos fatores de produção aplicados pelos produtores. A estimativa é necessária para que as agroindústrias se programem para a aquisição das matérias-primas que abastecem a cadeia produtiva ao longo do tempo. O monitoramento é necessário para verificar problemas de descontinuidade no suprimento de matérias-primas e fundamentar políticas públicas para o setor agropecuário.
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As mudanças climáticas estão se pronunciando mais intensamente nos últimos anos, o que tem levado à não consolidação da produção esperada em algumas regiões. O excesso ou ausência de chuvas podem comprometer a qualidade e quantidade da produção na agricultura. São estes fatores que conferem a incerteza do comportamento da próxima safra. Assim, trabalha-se com estimativas, já que é impossível prever com precisão se a produção de soja ou milho vai ser como na safra anterior.
Em Santa Catarina, pelo terceiro ano consecutivo, a cultura do milho cultivado para grãos ou silagem sofre com o impacto da falta de chuva no Oeste do estado. Situação oposta vive o litoral do estado, onde o efeito climático gera o excesso de chuva, com impacto direto na produção de hortaliças e outros produtos regionais.
Na atual safra de verão, temos expectativa de recuperação da produção de grãos e outros produtos agropecuários. No entanto, os efeitos climáticos nos remetem para uma redução das estimativas da produtividade das culturas e produção global do estado em relação ao prognóstico inicial.
No aspecto econômico, o clima influencia de maneira significativa as cotações dos mercados interno e internacional das commodities agrícolas, com ação direta na cadeia produtiva de vários produtos.
Decididamente a agropecuária é diferente de outras atividades da economia, está sujeita a fatores diversos que levam à imprevisibilidade de resultados. Apesar disto, ela movimenta toda uma cadeia produtiva e gera riqueza para o país. O setor é competitivo e está gerando resultados altamente positivos para a economia brasileira. A adoção de tecnologias eficientes vem proporcionando elevação da produtividade.
Por tudo isto, o setor agropecuário no mundo tem mecanismos de apoio via políticas públicas, visando proteger o produtor, mas, também o consumidor de alimentos, sobretudo o de produtos de alimentação básica. Ainda precisamos melhorar e qualificar as políticas públicas de segurança alimentar.
Por: Haroldo Tavares Elias, analista de socioeconomia da Epagri/Cepa (htelias@epagri.sc.gov.br) / Clóvis Correa, meteorologista da Epagri/Ciram (clovis@epagri.sc.gov.br)