Síndrome interfere nas relações sociais e afetivas
Bom Dia SC – Inveja disfarçada de crítica? Diferença castigada? Rejeição ao talento e sucesso do outro? Certamente, você já deve ter convivido com pessoas que, de alguma forma, não suportavam ver suas conquistas ou ver o seu destaque.
Esse tipo de comportamento, quando excessivo, pode indicar a manifestação da Síndrome de Procusto. Um tipo de transtorno psicológico e comportamental que atiça a raiva, a inveja, a insegurança e a baixa autoestima, por descontentamento com as conquistas alheias.
Segundo a psicanalista Andrea Ladislau, essa síndrome interfere nas relações sociais e afetivas, pois não permite que a conexão com o outro aconteça de maneira saudável.
“Sempre que ocorre uma ascensão, uma vitória de alguém de seu convívio, a pessoa que sofre com a síndrome, busca desqualificar, nivelar para baixo, ou até mesmo boicotar”, explica Andrea que também é neuropsicóloga.

Como identificar os sinais?
De acordo com a psicanalista, a identificação das ações de quem sofre com a síndrome, passa por algumas observações de comportamento, por exemplo: inveja declarada ou velada; críticas sem fundamento; dificuldade ou ausência de elogios; expressão constante de raiva; tentativas de boicotar ou prejudicar; negação da opinião alheia; irritabilidade intensificada; aversão à competição; dificuldade de trabalhar ou interagir em grupo e a incapacidade de manejar suas expressões emocionais negativas.
“As consequências da Síndrome de Procusto são devastadoras, tanto para quem sofre ou para quem é a vítima de quem é afetado por essa condição clínica. O adoecimento psicológico provocado pela síndrome é inevitável e impede o indivíduo de seguir sua vida, pois a insegurança, desmotivação e invalidação própria, tomam conta de seu emocional”, explica a especialista.
Andrea complementa que além disso, as relações interpessoais ficam comprometidas, já que a convivência é permeada pela inveja e desejo de prejudicar quem se destaca de alguma forma. Enquanto isso, a vítima do procustiano, vive em meio a um ambiente e uma atmosfera de perseguição, ataques e confusões.
“A melhor forma de lidar com pessoas que sofrem com esse transtorno mental é evitar os conflitos e ter em mente que, o comportamento desajustado, fala mais da pessoa do que de si mesmo. Nada tem a ver com a vítima, mas sim com um desequilíbrio emocional que faz com que essa pessoa, fique cega ao se perceber “inseguro” ou “incapaz” de reconhecer o valor do outro”, explica.
Segundo a especialista isso acontece porque a pessoa não vê seu próprio valor e ao se deparar com “o melhor” do outro, seus gatilhos são acionados e a necessidade de desqualificar aflora, estimulando atitudes e sentimentos desconexos.
“Por fim, se a situação fugir ao controle, o ideal é buscar uma rede de apoio para se proteger e mitigar os ataques.
Enfim, sentir inveja e raiva, é natural. São sentimentos inerentes a todo ser humano. A questão é, a intensidade desse sentir ou se esses sentimentos são utilizados para prejudicar o outro”, conclui.

Síndrome do Procusto é mais comum do que se imagina
Andrea finaliza lembrando que a Síndrome do Procusto é mais comum do que se imagina, por isso é fundamental compreender e nomear o que se sente, sem culpa, além de buscar apoio profissional para identificar as causas na tentativa de aprender a gerenciar as próprias emoções, transformar inveja em admiração, evitar as sabotagens e aprender a valorizar a diversidade e o talento alheio.
“Afinal, esse padrão rígido e limitado de comportamento, impede a leveza das relações humanas e cria fantasias de repressão que intensificam sentimentos limitantes e inadequados”, finaliza.
Fonte: Andrea Ladislau é palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos
