Mulheres com suor excessivo têm 3 vezes mais chances de desenvolver fobia social
Mulheres com suor excessivo têm 3 vezes mais chances de desenvolver fobia social

Mulheres com suor excessivo têm 3 vezes mais chances de desenvolver fobia social

A hiperidrose, caracterizada pelo suor excessivo e anormal, ocorre devido à hiperativação das glândulas sudoríparas pelo sistema nervoso simpático. Isso faz com que a produção de suor ultrapasse a necessidade fisiológica de regular a temperatura do corpo.

A condição pode ser primária (sem causa subjacente identificável, geralmente de origem genética e hereditária) ou secundária (associada a fatores como diabetes, alterações hormonais, estresse e ansiedade).

Mulheres são mais afetadas: um estudo do Ambulatório de Dermatologia do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo analisou 1.516 pacientes, entre 18 e 65 anos. Desses, 73 foram diagnosticados com hiperidrose primária, representando uma prevalência de 4,8%. Do total, 57 eram mulheres (78%) e 16, homens (21%).

A maior incidência feminina está relacionada à maior sensibilidade do sistema nervoso simpático, que intensifica a atividade das glândulas sudoríparas, aumentando a sudorese em áreas como mãos, pés, axilas e rosto.

“As oscilações hormonais em fases como puberdade, menstruação, gravidez e menopausa influenciam a regulação térmica e podem intensificar a produção de suor”, explica a psicóloga e psicanalista Deborah Klajnman, professora da Faculdade Sírio-Libanês, mestre e doutora em Psicanálise pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Além disso, o metabolismo feminino, associado a uma maior proporção de gordura corporal, também interfere no controle da temperatura, estimulando a produção de suor como mecanismo compensatório para manter o equilíbrio térmico.

Impactos na qualidade de vida: Segundo Klajnman, que também é pós-doutora em Psicologia pela USP e especialista em Clínica Psicanalítica pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ, a hiperidrose pode gerar um grande impacto emocional, social e profissional.

“O comprometimento da qualidade de vida dessas pacientes é comparável ao de indivíduos com doenças crônicas como psoríase severa, insuficiência renal, esclerose múltipla e artrite reumatoide em estágio avançado”.

A condição, muitas vezes subdiagnosticada, interfere em atividades simples do dia a dia, como apertar as mãos, abraçar, praticar esportes ou até escolher roupas.

“Muitas pacientes carregam roupas extras na bolsa para trocar várias vezes ao dia, o que evidencia como a hiperidrose afeta a rotina e impacta diretamente a vida pessoal e profissional”, ressalta Deborah.

Um estudo publicado na revista Anais Brasileiros de Dermatologia revelou que 72% das mulheres com hiperidrose evitam atividades sociais. Já uma pesquisa do International Journal of Dermatology constatou que 67% das pacientes tiveram ansiedade crônica e 45% desenvolveram depressão.

Além disso, um estudo do Brazilian Journal of Psychiatry mostrou que 60% das pacientes também apresentavam transtorno de ansiedade social (TAS) e que mulheres com hiperidrose axilar ou palmar têm três vezes mais chances de desenvolver fobia social.

“O estresse e a ansiedade, por sua vez, intensificam a ativação do sistema nervoso simpático, tornando o problema um ciclo vicioso”.

A boa notícia é que a hiperidrose tem tratamento. “Há diversas abordagens que podem amenizar ou até mesmo eliminar a maior parte dos sintomas, melhorando significativamente a qualidade de vida das pacientes”, diz Klajnman.

De tratamentos tópicos a novas tecnologias
Embora a hiperidrose nem sempre tenha cura, existem diversas opções para controlar o problema, desde fórmulas tópicas e medicamentos até tecnologias mais avançadas.

“Os produtos de uso externo são uma das primeiras linhas de defesa contra o suor excessivo, ajudando a controlar a hiperidrose em áreas como axilas, mãos, pés e rosto”, explica Paula Molari Abdo, farmacêutica bioquímica pela USP, diretora técnica da Formularium, e membro da ABC (Associação Brasileira de Cosmetologia).

Segundo ela, as principais opções para tratamento são:

Antitranspirantes com cloreto de alumínio e sais de zircônio: diferente dos desodorantes comuns, esses compostos agem bloqueando temporariamente os poros das glândulas sudoríparas, reduzindo a produção de suor.

“Eles podem ser manipulados em concentrações ajustadas para minimizar irritações”, diz Paula, que também é especialista em Atenção Farmacêutica pela USP, membro da ANFARMAG (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais), da SBRAFH (Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar), e da APhA (American Pharmacists Association).

Géis e soluções de glicopirrolato: esse composto anticolinérgico tem mostrado bons resultados para controlar o suor excessivo, especialmente no rosto e nas axilas. “No entanto, o glicopirrolato está disponível no Brasil somente para uso injetável, e não tópico”.

Toxina botulínica tópica: a farmacêutica conta que há estudos em andamento para confirmar que a toxina botulínica pode ser absorvida pela pele quando veiculada em lipossomas, “O uso tópico reduz a transpiração sem a necessidade de injeções”

Oxibutinina e glicopirrolato oral: são medicamentos que bloqueiam os sinais nervosos que estimulam a sudorese. “Embora eficazes, podem causar efeitos colaterais como boca seca e desconforto gastrointestinal, devendo ser usados sob prescrição médica”.

Probióticos e reguladores da microbiota: pesquisas indicam que o equilíbrio intestinal pode influenciar a regulação do suor, tornando os probióticos uma opção complementar.

Suplementos de magnésio e vitamina B6: ajudam no equilíbrio da resposta ao estresse e na função neuromuscular, podendo contribuir para a redução da sudorese excessiva.

Microagulhamento com radiofrequência: segundo Paula Molari Abdo, o procedimento usa microagulhas para distribuir calor diretamente às glândulas sudoríparas, reduzindo sua atividade sem afetar a pele ao redor.

Géis e soluções com oxibutinina 10%: “Quando aplicados diretamente na pele, esses manipulados demonstraram bons resultados na redução do suor excessivo, especialmente nas mãos e axilas”, pontua a especialista.

De acordo com a psicóloga, quem convive com a hiperidrose dificilmente consegue levar uma vida normal.

“Para que seja devidamente reconhecida como uma condição disfuncional, a hiperidrose requer a busca de um diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento indicado. Vale lembrar que o acompanhamento psicológico deve fazer parte deste processo. Tão importante quanto tratar a hiperidrose é cuidar das feridas emocionais que a doença causou“, finaliza Deborah Klajnman.

Fonte: FGR Assessoria de Comunicação

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