Em primeiro lugar, a história da humanidade, essencialmente, consiste na história dos deslocamentos. Desde os tempos mais remotos, grupos humanos migraram em busca de melhores condições de vida, fugindo de conflitos, explorando novas terras ou simplesmente seguindo os ciclos da natureza. Em última análise, todos os países modernos foram moldados por fluxos migratórios, sejam eles espontâneos ou forçados, e a diversidade cultural que caracteriza muitas nações hoje é fruto desse processo contínuo.
Por conseguinte, a formação dos Estados-nação, como os conhecemos, é relativamente recente na linha do tempo da humanidade. Antes da consolidação das fronteiras políticas, povos inteiros transitavam por vastas regiões, mesclando-se e contribuindo para a riqueza cultural e genética das populações locais. Mesmo os países que hoje se consideram homogêneos passaram, em algum momento de sua história, por ondas de imigração que foram determinantes para sua identidade.
Destarte, um exemplo emblemático jaz o continente americano, onde nações inteiras foram construídas por imigrantes. Os Estados Unidos, conhecidos como um “caldeirão de culturas”, foram formados por populações europeias, africanas, asiáticas e latino-americanas, que chegaram em diferentes períodos históricos. No Brasil, a colonização portuguesa foi apenas o início de um processo que envolveu a chegada de africanos escravizados, povos indígenas, além de fluxos migratórios europeus e asiáticos que ajudaram a moldar a identidade nacional.
De outro vértice, na Europa, conquanto o senso de identidade nacional que muitos países carregam, há também uma longa história de migração. Povos germânicos, celtas, vikings e romanos, entre tantos outros, ocuparam diferentes regiões ao longo dos séculos, influenciando culturas e redefinindo fronteiras. Nos tempos modernos, o continente continua sendo destino de milhões de imigrantes, especialmente vindos do Oriente Médio, África e Ásia, que buscam refúgio ou melhores oportunidades.
A imigração, no entanto, nem sempre foi vista com bons olhos. Em diversas épocas, grupos imigrantes enfrentaram resistência, preconceito e políticas de exclusão, muitas vezes sob o pretexto de proteção da identidade nacional. No entanto, ao analisar o desenvolvimento dos países, percebe-se que as contribuições dos imigrantes foram fundamentais para o crescimento econômico, social e cultural. A inovação, a mão de obra qualificada e a diversidade de pensamentos são alguns dos legados que os fluxos migratórios deixam por onde passam.
Em epítome, afirmar que todos os países foram constituídos por imigrantes não é apenas uma questão histórica, mas uma realidade incontestável. A mobilidade humana sempre existiu e continuará a existir, impulsionada por fatores econômicos, sociais e ambientais.
Por final, reconhecer e valorizar o papel dos imigrantes na construção das sociedades é essencial para a promoção de uma convivência mais harmoniosa e enriquecedora entre os povos.
Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos
Jornalista (MT/SC 4155)
https://bomdiasc.com.br
@bomdiasantacatarina
