Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)
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O tropeiro brasileiro é o beduíno árabe

Primeiramente, no livro “Tropeiros e Beduínos”, o sociólogo Manoelito de Ornellas traça um fascinante paralelo entre as figuras do tropeiro brasileiro e do beduíno árabe, ressaltando a profunda influência da cultura árabe no Brasil. A análise de Ornellas sugere que o tropeiro, que desempenhou um papel fundamental na formação econômica e cultural do Brasil colonial, pode ser visto como uma versão nacional do beduíno, cujas características e modos de vida refletem as condições e realidades do sertão brasileiro.

De outro vértice, Os tropeiros, conhecidos por seu papel na condução de cargas e na integração de regiões, compartilham com os beduínos a adaptação a um ambiente hostil e desafiador. Ambos os grupos se destacam pela mobilidade e pelo conhecimento profundo de seus territórios, desenvolvendo habilidades que lhes permitem sobreviver e prosperar em contextos áridos. Assim como os beduínos, os tropeiros formavam redes sociais e comerciais, estabelecendo laços que transcendem o simples comércio e se entrelaçam com aspectos culturais e identitários.

Outrossim, a cultura árabe, que chegou ao Brasil através da colonização e das trocas comerciais, deixou uma marca indelével na formação social do país. Ornellas argumenta que essa influência é especialmente visível na música, na culinária e nas tradições populares, refletindo um sincretismo cultural que enriqueceu a identidade brasileira. O tropeiro, com sua música, danças e rituais, é um exemplo de como elementos árabes se amalgamaram com as tradições indígenas e africanas, criando uma cultura única e diversificada.

Ademais disso, o tropeiro representa uma figura de resistência e adaptação, características também atribuídas aos beduínos. Ambos os grupos enfrentaram desafios significativos, sejam eles os da desertificação no Oriente Médio ou as adversidades do sertão nordestino. Essa resiliência se traduz em modos de vida que valorizam a coletividade, a solidariedade e a troca de saberes.

Por conseguinte, Ornellas propõe que ao analisarmos a história e a cultura do Brasil, é imprescindível reconhecer o papel do beduíno árabe na formação do tropeiro brasileiro. Esse reconhecimento não apenas enriquece nossa compreensão da identidade nacional, mas também nos convida a refletir sobre as interconexões culturais que moldam nossa sociedade. Assim, o tropeiro brasileiro emerge não apenas como um personagem do passado, mas como um símbolo vivo da diversidade e da complexidade cultural do Brasil.

Em epítome, a obra de Manoelito de Ornellas ilumina a importância de enxergar o tropeiro brasileiro como um herdeiro das tradições beduínas, revelando as camadas de influência que compõem a rica tapeçaria cultural do nosso país.

Por final, por meio dessa perspectiva, somos lembrados de que a história do Brasil é, em grande medida, uma história de diálogos e intercâmbios, emergindo que a cultura árabe prestou relevante contributo à formação do Brasil.

Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos

Antropólogo

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