Envelhecer é uma conquista que merece ser celebrada, afirma a médica Martha Oliveira, CEO do Grupo Laços Saúde. Ela falou, a convite da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), sobre longevidade e trabalho, nesta quinta-feira (11) no Congresso Brasileiro de Recursos Humanos (Concarh). O evento ocorre em Florianópolis e reúne mais de 2 mil profissionais ligados à gestão de pessoas até esta sexta-feira, dia 12.
Formada há 20 anos e doutora em envelhecimento humano na UERJ, Martha já trabalhou em diversos setores da saúde durante sua vida profissional como governo (ANS) e Associação de Hospitais – ANAHP. “A gente esquece que todo mundo quer envelhecer e quer envelhecer bem. Isso é uma conquista. A gente só conseguiu chegar nessa expectativa de vida porque tivemos grandes melhorias na nossa sociedade, com avanço tecnológico na saúde”, destaca.
Algumas características diferem o Brasil de outros países neste tema. “Nós temos o envelhecimento muito acelerado aqui. Por exemplo, o que países mais desenvolvidos envelheceram em 100 anos, a gente levou apenas 30 anos”, compara, lembrando a falta de preparo da sociedade para encarar esta realidade. “A segunda coisa é que a maior parte dos países europeus, por exemplo, enriqueceu e depois envelheceu”, frisa, descrevendo um movimento contrário no Brasil.
Na lista de adaptações que precisam ser encaradas estão cidades, transporte, sistema de saúde, educação e mercado de trabalho. “Acho que esses são os principais desafios e o tempo que a gente vai ter para correr atrás do dever de casa a gente não sabe”, completa Martha.
Profissionais 50+ na ativa
Para a médica, é possível envelhecer e seguir sendo produtivo, desde que exista a oferta de educação continuada para que profissionais sigam se qualificando. Alguns países conduzem essa ‘reciclagem’ de forma bem organizada. “Stanford, por exemplo, desenvolveu um um centro de envelhecimento que trata a parte física e a cognitiva”, cita.
Martha lembra ainda que, com o passar dos anos, a mão de obra vai ficar mais escassa. “Antes, a gente se aposentava com 60 anos e morria com 75. Agora, a gente se aposenta com 60 anos e vai morrer com 90, ou seja, a pessoa se mantém produtiva por muito mais tempo”, acrescenta.
Iniciativas que priorizam inserir o público 50+ no mercado de trabalho e requalificá-lo são um importante passo em direção à mudança cultural necessária para enxergá-los como integrantes dessa sociedade. E muitas empresas têm implantado programas que inserem ou mantêm este público no setor produtivo.
Envelhecer exige um médico
Para envelhecer bem, é preciso um acompanhamento coordenado do cuidado com a saúde, garante Martha. “Se eu estiver bem acompanhado, com cuidado coordenado de verdade, fazendo a gestão da minha saúde, eu só vou me manter”, afirma.
Pessoas idosas utilizam mais o sistema de saúde, no entanto, não precisa ser de “forma catastrófica”, brinca a médica. “O problema não é a faixa etária, é como a gente organizou o sistema de saúde para dar conta das demandas. É possível cuidar do envelhecimento de uma forma sustentável. Mas a gente vai precisar fazer mudanças”, avalia.
A primeira é a coordenação do cuidado, com um médico que efetivamente consiga olhar para o indivíduo de forma integral; a segunda é o vínculo que essa coordenação traz dentro do sistema de saúde, com atendimentos e internações assertivas; e, por último, a recapacitação do sistema de saúde para que profissionais possam cuidar desse indivíduo que está envelhecendo.
Feira de serviços
Sob a temática “O tempo a nosso favor”, a FIESC e suas entidades apresentam no Concarh soluções para cuidar, desenvolver e inovar talentos. Entre as experiências disponíveis estão o Nutricar, com serviços de alimentação sendo realizados durante a feira; o armário digital para compras on-line na farmaSesi, com entregas de hora em hora; e a massoterapia.
Ao longo dos dois dias de evento, no estande da Federação, estão previstas intervenções de até 20 minutos sobre temas-chave para a indústria como inteligência artificial, saúde mental, gestão de talentos, empregabilidade e formação continuada.
Fonte: Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC