Em primeiro lugar, na tarde silenciosa de um inverno suave em Florianópolis, a galeria da Assembleia Legislativa de Santa Catarina se tornava um reduto vibrante de cores e formas. A artista Iara Dreger, com sua paleta ousada e pincelada decididas, trazia à vida uma exposição de obras abstracionistas que desafiavam e encantavam o olhar dos presentes.
Ao adentrar o espaço expositivo, o visitante era imediatamente imerso em um mar de abstrações que, paradoxalmente, pareciam contar histórias concretas. Cada tela, uma janela para o universo particular de Iara, revelava uma maturidade artística rara, fruto de anos de dedicação e experimentação.
As cores, ora suaves e etéreas, ora intensas e passionais, dançavam sob a luz das lâmpadas da galeria, criando um balé visual que prendia a atenção e provocava reflexão. Formas geométricas e orgânicas se entrelaçavam em uma harmonia caótica, onde o aparente desordenamento era, em verdade, uma coreografia meticulosamente orquestrada pela artista.
De outro vértice, em uma das obras, manchas de azul profundo se fundiam com traços dourados, evocando o mistério das profundezas oceânicas. Em outra, explosões de vermelho e laranja pareciam capturar a essência de um pôr do sol flamejante, transcendendo a tela e transportando o espectador para um crepúsculo imaginário. A presença de texturas variadas, desde superfícies lisas até relevos marcantes, convidava ao toque, embora o respeito pela obra impusesse uma distância reverente.
Igualmente, os visitantes, ao percorrerem a galeria, murmuravam entre si, compartilhando suas interpretações e emoções despertadas pelos quadros. Alguns viam nas formas abstratas representações de sentimentos humanos – amor, tristeza, esperança. Outros, imersos em sua própria subjetividade, encontravam conexões com memórias e experiências pessoais.
O evento não era apenas uma exposição de arte, mas um convite à introspecção e ao diálogo interior. Iara, com sua sensibilidade e habilidade, conseguia transmitir, através de sua arte, uma linguagem universal que falava diretamente à alma. A maturidade de sua obra não se refletia apenas na técnica impecável, mas também na capacidade de comunicar o inefável, de transformar o invisível em visível, o intangível em tangível.
À medida que o sol se punha e a luz natural da galeria diminuía, as obras de Iara continuavam a brilhar com uma luz própria, como faróis guiando os visitantes através de um mar de emoções e pensamentos. E, assim, cada pessoa que deixava a galeria carregava consigo um fragmento daquela tarde, uma pincelada do universo abstrato de Iara, gravada em sua memória e coração.
Por fim, naquele espaço sagrado da Assembleia Legislativa, a obra de Iara não apenas decorava paredes; ela desafiava mentes, provocava sentimentos e, acima de tudo, celebrava a beleza e a complexidade da abstração.
Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos
Jornalista (MT/SC 4155)